quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Neonazistas recrutam na Internet

Os grupos neonazistas e de supremacia branca estão usando a rede de computadores Internet para recrutar novos membros.

A rede possibilitou que esses grupos, antes escondidos, pudessem falar ”sem censura” para os 37 milhões de pessoas que acessam a Internet só nos EUA e Canadá.
Segundo Tom Metzger, 58, o líder do grupo White Aryan Resistance (Resistência Ariana Branca, cuja sigla, WAR, quer dizer guerra em inglês), em apenas seis meses de uso da Internet, o número de membros do grupo aumentou pelo menos 25%. O WAR já tem 16 anos de existência.
Metzger, condenado a pagar US$ 3 milhões pela morte de um imigrante etíope por um membro de seu grupo em 1988, disse que considera a Internet um ”excelente meio” pela possibilidade de ”influenciar os jovens”.
”Os judeus nos tiraram da TV, nos tiraram do rádio, eles não colocam nossos anúncios em seus jornais. A Internet passou a ser um meio de livre expressão”, disse Metzger, na sede do grupo, em Fallbrook, na Califórnia (EUA).
”É também um meio de entrar nos países em que minha entrada foi proibida, como o Canadá, o Reino Unido e a Alemanha”, disse.
Para melhorar o uso da rede, alguns grupos, e até neonazistas individualmente, criaram ”manuais” de como recrutar o maior número possível de pessoas.
Estratégia
O americano Milton John Kleim Jr., que se auto-intitula o ”O Nazista Número 1 na Net”, lançou o texto ”Sobre as Táticas e Estratégias para a Usenet”, que pode ser encontrado em vários endereços de propaganda racista. A Usenet é a parte da rede de computadores onde estão os grupos de discussão.
Nele, Kleim, que só divulga idéias racistas por computador e que age sozinho, pede que os ”recrutadores do nazismo” entrem nos grupos de discussão comuns e comecem a lançar idéias racistas.
”O crucial é que a nossa mensagem seja disseminada para além de nossos grupos”, diz o texto.
Começou assim, por exemplo, com o grupo de discussão sobre o caso O. J. Simpson (ex-jogador de futebol negro absolvido pela morte de sua ex-mulher e de um amigo dela, ambos brancos). O grupo foi usado para mostrar números sobre crimes cometidos por negros.
Se falam de comida, por exemplo, Kleim recomenda que o ”recrutador” diga que a supervisão da comida ”kosher” (judaica) custa dinheiro público. ”Grupos sobre política e sociedade são adequados para nossa mensagem sobre a mídia controlada pelos judeus.”
O americano Wyatt Kaldenberg, que divulga o WAR pela rede, disse que o retorno é rápido. Após usar um desses serviços, ele afirmou ter recebido cem cartas por e-mail (correio eletrônico) em 36 horas.
Nesses grupos, os racistas também colocam os endereços na World Wide Web (parte multimídia da Internet) de seus grupos.
Esses endereços na Web quase sempre usam o preto, o vermelho e o branco. Eles aproveitam os recursos visuais e colocam músicas e vídeos para atrair os jovens.
Segundo o WAR, 10% de seus membros são jovens que acessam a Internet pela universidade.
Reação
Gravadoras, revistas, endereços para ”links” (ligações) e grupos neonazistas na Internet criaram uma reação contrária: o surgimento de grupos anti-racistas na rede.
O principal deles, o The Nizkor Project, baseado no Canadá, alerta para ”os perigos” do uso da Internet pelos neonazistas.
Grupos como o Simon Wiesenthal Center (caça-nazistas) e a Anti-Defamation League (Liga Antidifamação) também entraram na Web e dão informações sobre o uso da rede pelos radicais. Mas, ao mostrar onde os neonazistas estão, facilitam também o acesso de algumas pessoas a esses grupos.

RODRIGO ONIAS redator da Folha de São Paulo.

Você quer saber mais?

http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/985408-aumentam-conflitos-entre-punks-e-skinheads-em-sao-paulo.shtml


http://construindohistoriahoje.blogspot.com/search/label/F%C3%89

http://desconstruindo-o-comunismo.blogspot.com/2012/02/os-perigos-do-marxismo-ateu-nao-se-pode.html

http://construindohistoriahoje.blogspot.com/2012/02/natureza-humana-x-natureza-divina.html

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Teoria Ariana de Hitler é desmentida pela ciência

A ciência prova! Nunca houve um humano ariano como pregava Hitler.

Uma nova pesquisa científica provou que a teoria da pureza racial escandinava, sustentada por Hitler e os nazistas, é totalmente falsa. O conceito de um único tipo genético escandinavo, de uma raça que andou pela Dinamarca e se estabeleceu lá, isolada do mundo, é uma falácia.

O estudo mostrou que corpos de cemitérios de 2 mil anos de idade no leste da Dinamarca continham tanta variação genética em seus

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Cultura skinhead, anti-racismo, anti-fascismo, música jamaicana e Oi!

Antes de mais nada, queria deixar bem claro que esse blogger esta sendo publicado para resgatar e apresentar a autenticidade do movimento,dissociando-o da escala neonazi e vinculando-o àquilo que tradicionalmente representou:a juventude operária britânica e de todo o mundo agora, tão desassistida quanto as marginalizadas comunidades de imigrantes de outras raças e nacionalidades. É preciso conscientizar o maior número de pessoas possível, para não se repitam as circustâncias propícias à volta do obscurantismo e do genocídio. É preciso também desarmar os espíritos, para que as pessoas possam encarar a vida pelo lado lúdico, escolhendo livremente seu estilo de comportamento e suas preferências musicais e esportivas. A razão desse blogger com texto publicado por eu e informações de sites e livros: Informar a quem se preocupa com as questões sociais pertinentes à músicas, e sobretudo informar aos próprios skins sobre suas raízes.

Esse blogger não é nada pessoal contra ninguem.
Apenas uma forma de ajudar os interessados ou simpatizantes pela cena dê... informar tudo que é dado como importante, no sentido POSITIVO e NEGATIVO da cultura skinhead!

E SE VOCÊ NÃO GOSTAR...PANCIÊNCIA, REFLITA SUAS IDÉIAS!!

Lembrando...
ANTI-RACISMO NÃO É O COMEÇO E FINAL DAS NOSSAS BATALHAS, LOGO DEPOIS DELE, VEM UM INTERVALOS E AÇÃO PARA OUTRAS BUSCAS, onde exista um convivio social onde impere a justica, a liberdade e a paz!
Eu não quero mudar o mundo com esse blogger, porque eu sei que se trata de um meio "impossivel".

CADA UM FAZENDO SUA PARTE COMO PODE JA AJUDA BASTANTE, PENSE NISSO!




Você quer saber mais?


http://cadencia-das-ruas.blogspot.com/2010/09/cultura-skinhead-anti-racismo-e-musica.html

http://cadencia-das-ruas.blogspot.com/2010_09_01_archive.html

http://www.blogger.com/profile/08152371876412727930

terça-feira, 19 de julho de 2011

Skinhead não é o mesmo que Neonazista. Entenda por quê!


O estereótipo clássico dos integrantes do movimento skinhead.

Skinheads é uma subcultura juvenil que possui tanto aspecto musical como também estético e comportamental. Os skinheads se originaram na década de 1960, no Reino Unido, constituído em sua maioria por brancos e negros (imigrantes jamaicanos), reunidos pela música (ska, reggae, rude boys, etc.).

Um skinhead pode ser tanto um garoto quanto uma garota que têm afinidades e se sente bem com essa cultura. Apesar de a expressão skinhead ser traduzida como “cabeça pelada”, há skins que não seguem esse estereótipo, podem ter mais cabelo do que muitos que não são skins e se vestir totalmente contrário ao estilo mostrado pela mídia.

A cultura skinheads da década de 60 ficou famosa por promover confrontos nos estádios de futebol (confronto entre as torcidas dos times rivais, conhecido na Inglaterra como hooliganismo) e por alguns skins demonstrarem animosidade para com os paquistaneses e asiáticos. Mesmo tendo apatia por essas duas culturas, os skins dessa época eram contra os grupos neonazistas e não aceitavam o racismo contra negros, já que muitos desses skins eram descendentes de negros. A “segunda geração” de skinheads surgiu no final da década de 1970, essa mesclou a cultura do “espírito de 69” à cultura punk, mas na década de 1980, a cultura skinhead sofreu grandes mudanças, a principal delas foi a fragmentação da cultura em diversos submovimentos, pois nesse período, com a infiltração da política dentro da cultura skin, integrantes do movimento passaram a promover o racismo contra negros, a xenofobia, a homofobia e a cultivar as ideologias neonazistas. Por esse motivo, hoje temos skinheads de todos os estilos, há os skinheads que curtem a vida sem manifestar preconceito para com seu semelhante e os que demonstram uma animosidade extrema para com aqueles que se diferem de alguma forma, como a cor da pele.

Atualmente é comum os meios de comunicação e muitas pessoas associarem a palavra skinhead às agressões fascistas e grupos neonazistas, mas vale ressaltar que tradicionalmente os verdadeiros skins têm estado sempre à margem dessas atitudes condenáveis de agressões contra o próximo. Portanto, ao ouvir a expressão skinhead ou ao ver um simpatizante dessa cultura, não é bom rotulá-lo como a mídia faz, primeiramente devemos saber se aquele skin pertence à cultura originária na década de 60 ou aos grupos nascidos na fragmentação do movimento na década de 80.

Você quer saber mais?

http://www.brasilescola.com/sociologia/skinheads.htm

http://megaarquivo.wordpress.com/2011/05/04/3092-sociologia-o-que-e-o-neonazismo/

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Testemunhas de Jeová e o Holocausto. Querem esquecer deles?

Uniforme usado por Testemunhas de Jeová nos campos de concentração. Em destaque o triângulo roxo.

Triângulo Roxo era o símbolo identificador dos adeptos da religião Testemunhas de Jeová nos campos de concentração Nazi. Fazem parte das vítimas amiúde esquecidas do Holocausto.

Em 1933, ano em que foi assinada uma concordata em que a Alemanha nazi, de Hitler lançou uma campanha para aniquilar as Testemunhas de Jeová. No ano de 1935 elas estavam proscritas em toda nação ariana. Quando Hitler assumiu o poder disse em uns de seus discursos: "Esses chamados Fervorosos Estudantes da Biblia, que são pertubadores;...considero-os charlatães, não os tolerarei, por suas arrogantes denúncias aos católicos alemães e ao estado de direito por isso os dissolvo para sempre da Alemanha." Depois disto o estado Nazista desencadeou uma das mais bárbaras perseguições contra cristãos já registrada na História. Milhares de Testemunhas de Jeová na Alemanha, Áustria, Polônia, Tchecoslováquia, Países Baixos e França, dentre outros, foram lançados em campos de concentração.

Tratamento

Nos campos de concentração, as Testemunhas de Jeová precisavam explicar a outros prisioneiros o fato de estarem naquele local, já que muitos deles eram alemães, e não se enquadravam nos perfil dos outros presos: judeus, polacos, ciganos e homossexuais. A questão era a neutralidade política e militar que, segundo sua convicção e ensino, era de suma importância. "A Obediência a Jeová e a seu filho Jesus Cristo nos compele a nos abster de qualquer ideologia política, nosso reino já tem um Rei e entronizado".

Por esse símbolo (Triângulo Roxo) as Testemunhas de Jeová eram identificadas no campo de concentração.

No entanto, eram conhecidos como pessoas de boa moral e cumpridores da lei. Para muitos parecia um paradoxo: se não obedeciam as leis nazistas vigentes como poderiam ser bons cidadãos? Sua resposta era: "Dar a Cesar o que é de César, mas dar a Deus o que é de Deus". Acreditando neste conceito muitos foram brutalmente torturados e mortos pelo regime nazista.

Nos campos eles eram identificados por triângulos roxos. As Testemunhas de Jeová, diferentemente dos outros prisioneiros, podiam renunciar sua fé, pois era apenas ideológica, mas nem por isso perderam sua coragem e suas convicções. Por amor ao seu Deus, deram um grande exemplo de neutralidade. Homens e mulheres, crianças e idosos, sobreviventes ou mortos acreditam que estão na memória de seu Deus Jeová.-Livro Testemunhas de Jeová - Proclamadores do Reino de Deus


Se desejar saber mais sobre o tratamento recebido pelas Testemunhas de Jeová e outros durante o regime nazista na Alemanha, também poderá visitar o Museu do Holocausto em Washington (DC). Verá centenas de relatos de Testemunhas, mesmo alemãs, que foram perseguidas e mortas pelos nazis.

Você quer saber mais?

http://www.tiosam.org/enciclopedia/index.asp?q=Testemunhas_de_Jeov%C3%A1_e_o_Holocausto

http://www.tiosam.org/?q=Tri%C3%A2ngulo_roxo

http://www.tiosam.org/?q=Holocausto

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Misticismo nazi influências originárias

Caracterizando-se pela combinação do Nazismo com o ocultismo, o esoterismo, a criptohistória e o paranormal.

Nalguns casos atribui uma importância religiosa à pessoa de Adolf Hitler e à sua doutrina.

"O Führer é profundamente religioso, embora completamente anti-Cristão; ele vê o Cristianismo como um sintoma de decadência. E com razão, é uma ramificação da raça judia.” - Diário de J. Goebbels, 28 de Dezembro de 1939.

"O Cristianismo é o protótipo do Bolchevismo: a mobilização pelos Judeus das massas de escravos com o objectivo de minar a sociedade”. - Hitler, 1941.

O misticismo nazi tem a sua origem nas ideias racistas de Arthur de Gobineau. Guido von List e Jörg Lanz von Liebenfels tiveram um papel importante no inicio e vieram a fundar movimentos após a guerra.

Oficiais Nazis de alta patente como Heinrich Himmler, Rudolf Hess e Walther Darré foram conhecidos pelo seu interesse no misticismo e no paranormal. Pessoalmente, Hitler sempre se interessou menos por estes assuntos.

O papel desempenhado pelo misticismo no desenvolvimento do Nazismo e dos seus ideais foi imediantamente identificado em 1940 por Lewis Spence na sua obra “As causas ocultas da presente guerra”.

O esoterismo hitleriano centra-se nas mitologias pagãs, pré Cristãs como a Hindu e a Samurai.

Os Teutões de uma forma geral e os Povos Germânicos de uma forma particular serviram de base para a crença na Raça Ariana, e da sua superioridade sobre todas as outras. Foram sugeridas diferentes origens para o ínicio desta raça superior, desde a Atlântida, Thule na Escandinávia, Hyperborea na Grécia e Shambhala no Tibete. Outro pensamento dominante era o de que esta raça superior tinha sido enfraquecida por se misturar com outras raças “inferiores”.

Influências originárias

Em 1912, um grupo de místicos alemães altamente antisemitas formou a Germanenorden (Ordem dos Teutões). A Germanenorden era uma sociedade mística baseada na prova da origem ariana. O biógrafo Ian Kershaw não a classifica como uma sociedade mística, mas, sim, como uma sociedade popular/populista.

Os membros fundadores da ordem incluíam Theodor Fritsch, Phillip Stauff (aluno de Guido von List) e Hermann Pohl. Este último viria a formar a Ordem Teutônica do Santo Graal, em 1915. Muitos membros da Germanenorden viriam a ocupar posições elevadas no partido nazista.

Ariosofia

O termo Ariosofia foi criando por Lanz von Liebenfels, fundador da Ordem dos Novos Templários, em 1915 e substituiu a Teozoologia e o Ariocristianismo como etiqueta da sua doutrina nos anos 20. É normalmente utilizado para descrever as teorias arianas de ocultismo e racismo.

Armanismo

Guido von List chamava à sua doutriana “armanismo” (nomeado de acordo com os “Armanen”, supostamente os herdeiros do rei sol, um corpo de padres-reis na antiga Nação Ário-Germânica).

A Sociedade Vril

A Socieade Vril não tem actividades documentadas até 1915, mas crê-se que foi fundada pelo General Karl Haushofer, um aluno do mágico e metafisico russo Georg Ivanovitch Gurdjieff. Em Berlim, Haushofer fundou a Sociedade Vril. O seu objectivo era explorar as origens da raça ariana e praticar exercícios de concentração para a acordar as forças de Vril (uma raça subterrânea, baseada na obra de ficção A Raça Futura, de Edward Bulwer-Lytton). Quer Gurdjieff quer Haushofer afirmavam ter contactos com fontes tibetanas que tinham o segredo dos “superhomens”. Há quem afirme que o poder persuasivo de Hitler adivinha dos segredos ensinados por Gurdjieff, que tinha aprendido com os Sufis e os Lamas tibetanos, e estava familiarizado com os ensinamentos Zen da Sociedade Japonesa do Dragão Verde.

Oração a Hitler

No nazismo Adolf Hitler era ocasionalmente comparado com Jesus, ou tido como um Messias enviado por deus.

Nalguns orfanatos era habitual esta oração:

Führer, mein Führer, von Gott mir gegeben, beschütz und erhalte noch lange mein Leben

Du hast Deutschland errettet aus tiefster Not, Dir verdank ich mein täglich Brot

Führer, mein Führer, mein Glaube, mein Licht

Führer mein Führer, verlasse mich nicht.

Tradução aproximada:

Führer, meu Führer, que me foste enviado por Deus, protege-me e mantém-me vivo por muito tempo.

Salvastes a Alemanha da mais profunda miséria, a ti te devo o meu pão de cada dia

Führer, meu Führer, minha fé, minha luz

Führer meu Führer, não me abandones.

Julius Evola era um ocultista com tendências politicas de extrema direita, e embora nunca tenha estado ligado nem ao nazismo nem ao fascismo italiano, tentou converter Mussolini ao paganismo, e afastá-lo de um acordo com o Vaticano. A sua influência na mistica nazi foi muito maior após a guerra do que enquanto estavam no poder.

Savitri Devi

Com a queda do Terceiro Reich o esoterismo hitleriano tinha ficado sem Hitler, que, morto, podia agora ser tornado numa divindade. Savitri Devi tentou ligar a idelogia ariana com os indianos pro-independência, especialmente hindus. Para eles a suástica era um símbolo particularmente importante, significando a unidade entre os hindus e os alemães (sendo também um simbolo de boa sorte para os tibetanos). Muitos hindus ainda consideram Hitler um swami, especialmente os da sociedade Vishva Hindu Parishad (VHP) (ver Hitler, o Quase Anticristo, de Dave Hunt).

A Sociedade Ahnenerbe era um ramo das SS, dedicado principalmente à pesquisa de provas da superioridade da raça ariana, mas também envolvida em práticas de ocultismo. Fundada em 1935 por Himmler, esta Sociedade esteve envolvida na busca da Atlântida e do Santo Graal.

Pesquisas e expedições

Foram gastos muitos recursos e tempo em pesquisas com vista a criar uma base que tivesse aceitação popular sobre a origem cultural, cientifica e histórica da raça Ariana superior. Foram criadas organizações misticas como a Socieade Thule, o Sol Negro (Schwarze Sonne), a Sociedade Vril e outras, normalmente ligadas a corpos de elite das SS, e adaptando crenças, rituais e iniciações especificas.

Foram organizadas expedições ao Tibete, Nepal, Grécia, ao Ártico e à Antártica em busca da nação Ariana de Hyperborea, cuja capital, Ultima Thule, foi supostamente construída pelos antepassados.

Foram ainda organizadas expedições similares em busca de objectos semi-míticos que se acreditava trazerem consigo poderes especiais ao seu portador, como o Santo Graal e a Lança do Destino, tambem conhecida como lança de Longinus, supostamente o nome do centuriao romano a quem pertencia a lança.

Influência do paganismo no período de Hitler

Alguns autores, escreveram sobre as fortes influências por crenças de cunho pagão sobre o nazismo. Dentre essas crenças pagãs, a fé nazista pregava que seriam eles a raça ariana descendente do povo de Atlântida, mencionada pelo filósofo grego Platão, e, no entendimento nazista, o povo judeu seria a causa de sua destruição. Também houve uma mistura de elementos do panteão da mitologia germânica, pregado por líderes e propagandistas nazistas, por intermédio dos órgãos de informação oficial, e num último momento, para se opor definitivamente a católicos e protestantes, há substituição do Deus monoteísta por deuses vikings.

Em 1934, no livro "Nazismo: um assalto à civilização" é apresentado que no dia 30 de Julho de 1933 mais de cem mil nazistas tinham-se reunido em Eisenach para declarar querer tornar "a origem germânica a realidade divina", restaurando Odin, Baldur, Freia, e os outros deuses teutônicos nos altares da Alemanha - Wotan deveria estar no lugar de deus, Siegfried no lugar de Cristo. Nesses rituais, o Deus Pai e o seu Cristo eram substituídos por esse panteão pagão.

Durante o ano de 1936, Joseph Goebbels, ministro da propaganda nazista, apresenta o Nazismo como se fosse uma religião a ser respeitada, defendendo uma nova fé alemã. Joseph Goebbels havia sido editor do Der Angriff (o Ataque), um jornal propagandista nazista. Antes de suicidar-se, na sua “carta”, Hitler o nomeia Chanceler da Alemanha, o que mostra o grau de confiança que depositava nesse Ministro, responsável pela propaganda oficial, e o primeiro que teria utilizado a expressão Heil Hitler.

Movimento da Fé Germânica (Deutsche Glaubensbewegung, DGB) tinha como profeta Jakob Wilhelm Hauer (1881-1962), professor de Teologia em Tübingen, que pregava uma fé ariana para os alemães. No livro Deutsche Gottschau, Hauer defendia que a história da Alemanha era mais do que mera seqüência de factos, havendo na sua base uma Divindade que encarnava o espírito da raça ariana.

A Páscoa de 1936, foi preparada na Alemanha como se um grande festival pagão se tratasse. As livrarias encheram-se de literatura pagã, e a bandeira azul com o disco solar dourado do “Movimento da Fé Germânica” (DGB) chegou às mais recônditas zonas rurais. Uma grande manifestação foi organizada em Burg Hunxe, na Renânia .

Em 1937, o Papa Pio XI publica uma encíclica de condenação ao Nazismo, onde diz:

Damos graças, veneráveis irmãos, a vós, aos vossos sacerdotes e a todos os fieis que, defendendo os direitos da Divina Majestade contra um provocador neopaganismo, apoiado, desgraçadamente com freqüência, por personalidades influentes, haveis cumprido e cumpris o vosso dever de cristãos.

No Congresso de Nuremberg, em 1937, revivia entre os nazistas o paganismo ancestral do povo ariano, surgindo um místico laicismo como um dos tópicos centrais em discussão: para que a Alemanha voltasse à sua antiga fé, não bastava a separação da Igreja e do Estado; as Igrejas cristãs teriam que ser destruídas, e o Estado transformado numa nova Igreja; impunha-se uma nova religião Nacional.

Micklem, ao escrever “O Nacional Socialismo”, apresenta rituais da mitologia nórdica, uma crença tipicamente pagã, onde, durante esse ritual, em 1938, o proeminente oficial nazista Julius Streicher, no festival nórdico do Solstício de Verão, perante uma enorme multidão de alemães reunidos em Hesselberg - montanha que o Fuhrer declarou sagrada -, ao lado de uma grande fogueira simbólica, disse:

"Se olharmos para as chamas deste fogo sagrado e nelas lançarmos os nossos pecados, poderemos baixar desta montanha com as nossas almas limpas. Não precisamos nem de padres nem de pastores".

Julius Streicher, autor dessa declaração, era amigo pessoal de Hitler responsável pelo marketing nazista, por intermédio do jornal Der Stürmer, o qual fora diretor, era um dos que fazia a apresentação para o público do que de representava o nazismo. Era um dos porta vozes da imagem nazista, foi um dos principais responsáveis pelo ambiente racista, xenófobo e anti-semita na Alemanha, que acabaria por culminar no Holocausto, em 1938. Suas declarações nesse ritual rompiam com as igrejas cristãs, protestantes e católica.

É nesse ano de 1938, depois das perseguições aos judeus que vinham desde a subida ao poder de Hitler, em 1933, que a perseguição aos cristãos também passava a ser sistemática. Gerado pela ação dos responsáveis por órgãos nazistas, como destaque para, além de Goebbels, Heinrich Himmler e Reinhard Heydrich , o nazismo entrava em clara ruptura com as igrejas cristãs, protestantes e católica.

Mais tarde, ao estudar o fenômeno totalitário, o filósofo Herbert Marcuse identifica na ideologia do nazismo várias camadas sobrepostas, considerando precisamente o paganismo, a par do misticismo, racismo e biologismo, uma das componentes essenciais da sua "camada mitológica" . A perspectiva de Marcuse foi partilhada pela "Escola de Frankfurt", especialmente por Max Horkheimer e Erich Fromm.

Segundo o teólogo protestante Paul Tillich, no paganismo do nazismo estava o elemento essencial que explicava o seu antisemitismo, no enfoque colocado nos "laços de sangue arianos" . Essa visão de Tillich pode ser explicada pela propaganda nazista distorcida que adicionava, à crença grega em Atlântida, que o povo judeu seria a causa da destruição dessa cidade mítica.

Para Emmanuel Levinas, o Nazismo apresentava uma forma de religiosidade pagã que se opunha a toda uma civilização monoteísta.

Você quer saber mais?

http://www.jornallivre.com.br/156060/misticismo-nazi-influencias-originarias.html

http://www.jornallivre.com.br/artigo/?p=Goebbels

http://www.jornallivre.com.br/artigo/?p=Germanenorden

http://www.jornallivre.com.br/artigo/?p=Terceiro_Reich

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Racismo: Uma Visão Geral

Tabela de 1939 mostrando a quantidade de judeus e "miscigenados" (Mischlinge) dentro do total da população alemã. — United States Holocaust Memorial Museum

Racismo é a crença que as pessoas possuem características inatas, biologicamente herdadas, que determinam seu comportamento. A doutrina do racismo afirma que o “sangue” é o marcador da identidade étnica-nacional, ou seja, dentro de um sistema racista o valor do ser humano não é determinado por suas qualidades e defeitos individuais, mas sim pela sua pertinência a uma "nação racial coletiva". Neste modo de ver o mundo, as “raças” são hierárquizadas como “melhores” ou “piores”, “acima" ou “abaixo”. Muitos intelectuais do final do século 19, incluindo alguns cientistas, contribuíram com apoio pseudocientífico ao desenvolvimento desta falsificação teórica, tais como o inglês Houston Stewart Chamberlain, e exerceram grande influência em muitas pessoas da geração de Adolf Hitler.

Atualmente sabe-se que "raça" não existe em termos biológicos, apenas sociais. O ódio nazista contra a "raça judaica" desconsiderava o fato de que existiam judeus brancos, negros, orientais, e assim por diante. O "racismo" contra os judeus é denominado anti-semitismo, que é o preconceito contra ou ódio contra os judeus baseados em falsas teorias biológicas, uma parte essencial do Nacional Socialismo alemão, i.e. o nazismo. Em 1935, após chegarem ao poder, os nazistas criaram as Leis de Nuremberg, criando uma definição biológica errônea do que é ser judeu. Para os nazistas, movimentos políticos como o marxismo, comunismo, pacifismo e internacionalismo soavam como anti-nacionalistas e, para eles, eram consequência da "degeneração" causada pelo "perigoso" intelectualismo judáico.

Os nazistas acreditavam que a história humana era a de uma luta biologicamente determinada entre povos de diferentes raças, dentre as quais eles eram a mais elevada, destinada a comandar todas as outras, a "raça superior". Em 1931, as SS, Schutzstaffel, guarda de elite do estado nazista, estabeleceram uma Secretaria de Povoamento e Raça para conduzir "pesquisas" raciais e para determinar a compatibilidade racial de possíveis parceiras para os membros das SS.

Os nazistas consideravam os alemães portadores de deficiências físicas ou mentais como resultado de falhas na estrutura genética da chamada “raça superior”, e achavam que tais pessoas não deveriam se reproduzir por serem um "perigo" biológico para a pureza da “raça ariana”. Após seis meses de uma minuciosa coleta de dados, durante os últimos seis meses de 1939 ,e de um planejamento cuidadoso, os médicos nazistas começaram a assassinar os deficientes que encontravam-se em instituições médicas por toda a Alemanha, em uma operação que eles denominaram eufemismisticamente de "eutanásia" (que quer dizer "morte tranquila"), que podia ser tudo, menos isto.

Segundo as teorias raciais nazistas, os alemães e outros povos do norte europeus eram "arianos" (que na realidade haviam sido um povo pré-histórico da Ásia central que havia migrado para a Europa e a Índia), e que eram uma raça superior às demais. Durante a Segunda Guerra Mundial, médicos nazistas conduziram “experiências médicas” que procuravam identificar provas físicas da superioridade ariana e da inferioridade não-ariana. Apesar de haverem conseguido assassinar milhões de prisioneiros não-arianos durante tais “experiências” de sadismo, os nazistas não foram capazes de encontrar quaisquer provas de suas teorias de diferenças raciais biológicas entre os seres humanos, e de que eram os mais capazes.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a liderança nazista iniciou o que eles chamaram de "limpeza étnica" nos territórios por eles ocupados na Polônia e na União Soviética. Esta política incluía o assassinato e extermínio das chamadas "raças inimigas”, entre elas os judeus, e também a destruição das lideranças dos povos eslavos, que eles planejavam tornar seus escravos por considerá-los inferiores. O racismo nazista foi responsável por assassinatos horrendos , em uma escala sem precedentes na história humana.

Você quer saber mais?

http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005184

http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005184#related

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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Documentário promove um encontro entre descendentes de nazistas e vítimas da Segunda Guerra.

Adolf Hitler, em discurso ao povo alemão.

Reunir sobreviventes do regime nazista de Adolf Hitler e descendentes de militares que executavam as ordens da hierarquia do Terceiro Reich não foi tarefa fácil para o cineasta israelense Chanoch Zeevi, que teve os avós mortos no Holocausto. Depois de muitos nãos e de telefonemas que acabaram sendo desligados na "cara dele", Zeevi produziu um documentário no qual promove um encontro entre os dois lados que sofrem as consequências do nazismo. Hitler's Children (Crianças de Hitler) deve ser lançado no final do ano.

Emoção não falta nos depoimentos compilados no depoimento. Familiares de militares contam como se sentem envergonhados, responsáveis pelo Holocausto e revelam como descobriam a verdade sobre o trabalho de seus familiares. Uma das personagens é Bettina Göring que fez uma cirurgia para ficar estéril para não perpertuar o DNA que herdou do tio-avô, o ex-militar Hermann Göring.

Depois de ouvir o lado de filhos, netos e sobrinhos dos atores do regime militar de Hitler, o espectador é confrontado com o outro lado, o dos sobreviventes. Pela primeira vez publicamente, as gerações pós-geira se encontram. O cenário do encontro é Auschwitz, um dos principais campos de concentração, no Sul da Polônia.

Zeevi conta que não foi fácil encontrar personagens que se dispusessem a participar do encontro. Ele acredita que ainda há pessoas que se orgulham do passado e defendem os ideiais nazistas.

Crítica

Zeevi acredita que Hitler's Children será bastante criticado em Israel porque aborda não só as vítimas do nazismo, mas também as pessoas adeptas do regime.

— Eu quase nunca ouvi nenhuma história do lado nazista, qual era seu papel exato, qual eram suas responsabilidades e quanta influência Hitler tinha sobre eles. Na minha cabeça, não é possível entender o Holocausto sem tentar ver de onde vieram as raízes do mal e como elas cresceram.

Confira um trecho de Hitler's Children


segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Eugenia, a biologia como farsa

No século XIX o racismo ganhou status científico por meio de uma doutrina que inspirou governos e intelectuais de todo o mundo
Durante a década de 30, uma série de exames antropométricos foram realizados na Alemanha nazista para catalogar características físicas da população. O célebre eugenista Otmar von Verschuer em ação

Prof. José Roberto Goldim

Ao longo da história da humanidade, vários povos, tais como os gregos, celtas, fueginos (indigenas sul-americanos), eliminavam as pessoas deficientes, as mal-formadas ou as muito doentes.

O termo Eugenia foi criado por Francis Galton (1822-1911), que o definiu como:

O estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja fisica ou mentalmente.

Galton publicou, em 1865, um livro "Hereditary Talent and Genius" onde defende a idéia de que a inteligência é predominantemente herdada e não fruto da ação ambiental. Parte destas conclusões ele obteve estudando 177 biografias, muitas de sua própria família.

Galton era parente de Charles Darwin (1809-1882). Erasmus Darwin era avô de ambos, porém com esposas diferentes, Darwin descendeu da primeira, por parte de pai, e Galton da segunda, por parte de mãe. Darwin havia publicado "A Origem das Espécies" em 1858.

No seu livro, Galton propunha que "as forças cegas da seleção natural, como agente propulsor do progresso, devem ser substituidas por uma seleção consciente e os homens devem usar todos os conhecimentos adquiridos pelo estudo e o processo da evolução nos tempos passados, a fim de promover o progresso físico e moral no futuro".

O argentino José Ingenieros publicou, em 1900, um texto, posteriormente divulgado como um livro, denominado "La simulación en la lucha por la vida". Neste texto incluem-se algumas considerações eugênicas, tais como:

"Por acaso, os homens do futuro, educando seus sentimentos dentro de uma moral que reflita os verdadeiros interesses da espécie, possam tender até uma medicina superior, seletiva; o cálculo sereno desvanecería uma falsa educação sentimental, que contribui para a conservação dos degenerados, com sérios prejuízos para a espécie".

Em 1908, foi fundada a "Eugenics Society" em Londres, primeira organização a defender estas idéias de forma organizada e ostensiva. Um de seus líderes era Leonard Darwin (1850-1943), oitavo dos dez filhos de Charles Darwin. Ele era militar e engenheiro. Em vários países europeus (Alemanha, França, Dinamarca, Tchecoslováquia, Hungria, Áustria, Bélgica, Suiça e União Soviética, dentre outros) e americanos (Estados Unidos, Brasil, Argentina, Perú) proliferaram sociedades semelhantes.

Segundo Oliveira, a Sociedade Paulista de Eugenia, foi a primeira do Brasil, tendo sido fundada em 1918.

Na edição de 1920, Ingenieros ressaltou, em nota de rodapé, que as suas opiniões haviam sido confirmadas pela rápida difusão das idéias eugenistas em diferentes partes do mundo.

O 1o. Congresso Brasileiro de Eugenismo foi realizado no Rio de Janeiro, em 1929. Um dos temas abordado era "O Problema Eugênico da Migração". O Boletim de Eugenismo propunha a exclusão de todas as imigrações não-brancas. Em março de 1931 foi criada a Comissão Central de Eugenismo, sendo o seu presidente Renato Kehl e o Prof. Belisário Pena um dos membros da diretoria. Os objetivos desta Comissão eram os seguintes:

1. manter o interesse do estudo de questões eugenistas no país;
2. difundir o ideal de regeneração física, psíquica e moral do homem;
3. prestigiar e auxiliar as iniciativas científicas ou humanitárias de caráter eugenista que sejam dignas de consideração.

Em vários países foram propostas políticas de "higiene ou profilaxia social", com o intuito de impedir a procriação de pessoas portadoras de doenças tidas como hereditárias e até mesmo de eliminar os portadores de problemas físicos ou mentais incapacitantes.

Jiménez de Asúa defendeu a idéia de que as políticas alemã, italiana e espanhola nesta área não eram eugenistas, mas sim "racismo" oriundo do nacional-socialismo alemão. Vale lembrar que as idéias alemãs se originaram do trabalho do Conde de Gobineau - "Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas" - publicado em 1854. Antes, portanto, das idéias darwinistas terem sido divulgadas e do termo Eugenia ter sido criado. O Conde de Gobineau esteve no Brasil, onde coletou dados. Neste ensaio foi feita a proposta da superioridade da "raça ariana", posteriormente levada a extremo pelos teóricos do nazismo Günther e Rosenberg nos anos de 1920 a 1937. Outro autor alemão, Gauch, afirmava que havia menos diferenças anatômicas e hsitológicas entre o homem e os animais, do que as verificadas entre um nórdico (ariano) e as demais "raças". Isto acabou sendo objeto de legislação em 1935, através das " Leis de Nuremberg", que proibiam o casamento e o contato sexual de alemães com judeus, o casamento de pessoas com transtornos mentais, doenças contagiosas ou hereditárias. Para casar era preciso obter um certificado de saúde. Em 1933 já haviam sido publicadas as leis que propunham a esterilização de pessoas com problemas hereditários e a castração dos delinquentes sexuais.

Jiménez de Asúa propunha que a Eugenia deveria se ocupar de três grandes grupos de problemas: a obtenção de uma descendência saudável (profilaxia), a consecução de matromônios eugênicos (realização) e a paternidade e maternidade consciente (perfeição).

* A profilaxia seria obtida através de ações tais como: combate às doenças venéreas, prostituição e pela caracterização do delito de contágio venéreo.
* A realização ocorreria através da casais eugênicos e do reconhecimento médico pré-matrimonial.
* A perfeição proporia meios para que fosse possível a limitação da natalidade, os meios anticoncepcionais, a esterilização, o aborto e a eutanásia.

Com o desenvolvimento das modernas técnicas de diagnóstico genético, do debate sobre os temas do aborto, da eutanásia e da repercussão da epidemia de AIDS, muitas destas idéias são discutidas com base em pressupostos eugênicos, sem que este referencial seja explicitamente referido.

Você quer saber mais?

http://www.ufrgs.br/bioetica/eugenia.htm

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O HOLOCAUSTO CIGANO

A mais selvagem e bárbara perseguição aos ciganos de que se tem notícia, em toda a História da Humanidade, ocorreu não em séculos passados, entre povos então ditos “primitivos” ou “selvagens”, ou no Brasil, mas em pleno Século XX, na Alemanha, país (pelo menos até então) considerado “civilizado”. As únicas vítimas do terror nazista que costumam ser lembradas, no entanto, são apenas os judeus, e quase nunca os ciganos. Enquanto hoje a bibliografia sobre o holocausto judeu é imensa, não faltando inclusive museus e memoriais especialmente construídos para lembrar este triste genocídio, o holocausto cigano sempre foi considerado um fato de menor importância. Os documentos históricos provam que não foi bem assim e que, lamentavelmente, ao lado de cerca de seis milhões de judeus, nos mesmos campos de concentração, nas mesmas câmaras de gás, nos mesmos crematórios, ou então fora deles num lugar qualquer da Europa, foram massacrados também cerca de 250 a 500 mil ciganos. Só recentemente começaram a ser publicados ensaios, inclusive por autores alemães da geração pós-guerra, sobre este “holocausto esquecido”, o holocausto cigano, que os intelectuais ciganos de hoje preferem chamar de ‘poraimos’, para diferenciá-lo do holocausto judeu.

Gilsenbach cita três fatores que facilitaram a perseguição aos ciganos na Alemanha antes e durante a II Guerra Mundial: o já tradicional ódio dos alemães e de outros europeus aos ciganos, existente já desde o Século XV; os arquivos desde o final do Século XIX existentes sobre ciganos na polícia criminal e as teorias de antropólogos, psiquiatras e médicos sobre “higiene racial” e “biologia criminal”. O tradicional ódio aos ciganos já foi visto anteriormente; os outros dois fatores, e principalmente o último, precisam de alguns comentários.

No início do Século XX, as políticas (anti)ciganas alemãs não foram idênticas em todo o país, mas cada Estado ou Província [Land] inventava as suas. Em Munique, na Bavária, já em 1899 criou-se um Serviço de Informação Cigana que registrava todos os ciganos do Estado. Em 1905 o seu diretor, Alfred Dillmann, publicou os primeiros resultados no Zigeunerbuch [O Livro Cigano, também vendido nas livrarias] que continha o registro, com uma dezena de dados pessoais, de 3.350 ciganos e que se destinava a ajudar a polícia na ‘erradicação da praga cigana’.

Em 1925/26 a Bavária editou uma lei que tornou obrigatória a vida sedentária e condenou a dois anos de trabalhos forçados ciganos não regularmente empregados, lei que em 1929 passou a ser válida na Alemanha toda. Mas já em 1927, todos os ciganos alemães foram obrigados a andarem sempre com um documento de identidade, com retrato, impressões digitais e outros dados pessoais. Alguns anos depois foi criado o Serviço Central de Combate à Praga Cigana, órgão nacional que incorporou o Serviço de Munique e outros semelhantes então existentes, e passou a ser dirigido pelo mesmo Dillmann, que em pouco tempo reuniu informações sobre mais de trinta mil ciganos alemães. Este Serviço anti-cigano foi extinto em 1947, mas recriado em 1953, embora com outro nome; definitivamente extinto foi somente em 1970, vinte e cinco anos após o término da II Guerra Mundial!

O Serviço alemão de Combate à Praga Cigana, sem dúvida alguma, foi o mais eficiente do mundo e poucos ciganos devem ter escapado de seus registros. No entanto, também em outros países foram realizados recenseamentos ciganos, foram criados cadastros permanentes da população cigana e criadas leis para evitar ou, pelo menos, controlar a sua presença no país. Até a famosa Interpol (na época chamada Comissão Internacional de Polícia Criminal) criou em 1936, em Viena, um Centro Internacional para a Luta contra a Praga Cigana, cujos arquivos foram destruídos em 1945. Ou seja, quando em 1933 os nazistas chegaram ao poder, tanto na Alemanha quanto em vários países vizinhos (p.ex. França e Holanda) que depois seriam ocupados, a maioria dos ciganos já estava devidamente registrada e identificada, e já existiam políticas anti-ciganas.

A diferença era que agora os ciganos passaram a ser perseguidos - e depois exterminados - também por motivos raciais, e não apenas por serem considerados associais ou criminosos natos. Embora os alemães tenham negado isto após a II Guerra Mundial, quando foram obrigados a pagar indenizações às vítimas perseguidas por motivos raciais (admitindo-se como caso único os judeus), e embora tenham sempre afirmado que os ciganos foram perseguidos por serem “associais”, e não por serem de uma raça diferente, não resta a menor dúvida que ambos os fatores pesaram na perseguição. Muitos documentos e ensaios “científicos” da época comprovam, sem sombra de dúvida, que não somente os judeus, mas também os ciganos eram considerados membros de “raças” diferentes consideradas perigosas, porque poderiam contaminar a pureza racial ‘ariana’. Para esta justificativa “racial”, a Alemanha pôde contar com vários médicos, biólogos e antropólogos.

Já em 1904 o antropólogo Alfred Ploetz fundou um “Arquivo para Raciologia e Biologia Social”, que no ano seguinte virou “Sociedade para Higiene Racial”. Anos depois, os antropólogos Bauer, Fischer e Lenz publicaram um manual sobre Genética Humana e Higiene Racial, que foi lido por Hitler quando, prisioneiro em 1924, escreveu Mein Kampf, a futura biblia nazista.Não pretendemos citar aqui todos os institutos alemães na época considerados ‘científicos’, ou todos os biologos, antropólogos e outros cientistas que na época se dedicaram a pesquisas raciais, eugenéticas e ciganas, porque estes dados encheriam algumas dezenas de páginas. Dois nomes, no entanto, merecem destaque, porque são citados por praticamente todos os autores que tratam desta época: o médico psiquiatra Robert Ritter e sua assistente, a enfermeira Eva Dustin, entre os ciganos Sinti mais conhecida como Lolitschai, “a moça ruiva”.

Em 1937 Ritter se tornou diretor do Centro de Pesquisa para Higiene Racial e Biologia Populacional, com sede em Berlim, onde se dedicou intensivamente às pesquisas ciganas. Somente o nome deste Centro já é suficiente para provar que os ciganos eram considerados uma “raça’ diferente. Neste Centro, entre outras coisas, Ritter investigava uma suposta relação entre hereditariedade e criminalidade, elaborando complicadas árvores genealógicas de ciganos para medir o grau de ‘mistura racial’, para o que utilizava inclusive os dados do já citado Serviço de Informação Cigana de Munique, que foram transferidos para Berlim.

Ritter e os membros de sua equipe eram defensores da “eugenética”, ou “higiene racial”, segundo a qual devia ser evitada a procriação de elementos nocivos à sociedade. Entre as pessoas nocivas estavam não apenas os deficientes físicos e mentais, mas também os “associais hereditários” (mendigos, vagabundos, prostitutas, alcoólatras, homosexuais, desempregados crônicos, e.o., como se estas características fossem transmissíveis hereditariamente!), e as minorias raciais nocivas, como os ciganos e os judeus. Para “limpar” a raça humana, Ritter e outros tantos “eugenéticos” da época inicialmente propunham a esterilização destas pessoas (a total eliminação física só seria proposta alguns anos depois). Estima-se que na Alemanha nazista cerca de 400.000 pessoas foram esterilizadas, entre as quais muitos ciganos.

O mesmo aconteceu, por sinal, também em outros países, inclusive nos Estados Unidos, onde até 1939 comprovadamente cerca de 30.000 pessoas “indesejáveis” foram contra a sua vontade esterilizadas. Mas estes tristes episódios, como também os vergonhosos campos de concentração para japoneses e seus descendentes nos Estados Unidos, durante a II Guerra Mundial, os historiadores americanos preferem ‘esquecer’, principalmente nos livros didáticos e, oficialmente, ‘nunca aconteceram’.

Foi nesta época que os biólogos alemães tentaram deseperadamente descobrir, com fins práticos, quais eram as características “raciais” ciganas, já que na maioria dos casos era impossível distinguir os ciganos do resto da população alemã através de características físicas específicas. Mas mesmo Ritter e seus colegas nunca foram capazes de descrever estas características. Daí porque, na Alemanha daquele tempo, era classificado como “Z” (de “Zigeuner”), ou seja “cigano puro” todo indivíduo com quatro ou três avós “verdadeiros ciganos”; como “ZM+” ou mestiço em primeiro grau era classificado quem tinha menos do que três avós “verdadeiros ciganos”; “ZM-” era o mestiço em segundo grau que tinha pelo menos dois avós “ciganos-mestiços”; avó ou avô “verdadeiro cigano” era aquele que sempre tinha sido reconhecido, pela opinião pública, como “cigano”. Ou seja, no final das contas tratava-se de critérios subjetivos, e não científicos. Ritter chegou a classificar “racialmente” cerca de 25 a 30 mil ciganos alemães, mas a quase totalidade era, segundo ele, formada por mestiços, ou seja, eram candidatos à esterilização, confinamento em campos de concentração e, finalmente, extermínio.

No início dos anos 40 alguns nazistas intencionavam ainda conservar para a posterioridade uma “amostra” de Sinti “puros”, melhor dito, oito famílias Sinti e uma família Lalleri, que seriam confinadas numa espécie de “reserva cigana” a ser criada na Hungria e administrada pelo Instituto do Patrimônio Histórico. Esta “reserva cigana” nunca chegou a se tornar realidade; no final, também estes ciganos “puros” terminaram nos campos de concentração ou de extermínio. Em 1940, Ritter escreveu num relatório:

“Fomos capazes de provar que mais do que 90% dos assim chamados ciganos nativos são mestiços...... Outros resultados de nossas investigações permitem-nos caracterizar os ciganos como um povo de origens etnológicas totalmente primitivas, cujo atraso mental os torna incapazes de uma real adaptação social..... A questão cigana só pode ser resolvida reunindo o grosso dos mestiços ciganos associais e imprestáveis em grandes campos de trabalho e mantendo-os trabalhando, e parando para sempre a futura procriação desta população mestiça”.
Para cada cigano, Ritter emitia então um “Certificado”, assinado por ele pessoalmente ou por sua assistente Eva Justin, no qual constavam além do nome e dados pessoais, o grau de ciganidade. Quase sempre o diagnóstico era: “mestiço cigano”, o que na prática correspondia a uma condenação à esterilização ou à deportação e internação (e posterior extermínio) em campos de concentração.

Eva Justin, na época, era apenas uma simples enfermeira, sem qualquer formação acadêmica, mas que apesar disto sonhava com o título de Doutor, e para obtê-lo escreveu uma ‘tese’ sobre a suposta inadaptabilidade social de crianças ciganas, estudando durante apenas seis semanas um grupo de crianças ciganas internadas numa espécie de orfanato, sem contato com seus pais ou outros ciganos adultos. Obviamente chegou à conclusão que a boa educação recebida neste internato de nada adiantou e que as crianças continuaram tão associais como antes; para ela, crianças ciganas eram simplesmente incorrigíveis, eram associais e criminosos natos.

A “tese” foi defendida em 1943, na Universidade de Berlim. Poucos dias após a obtenção do diploma, as 39 crianças ciganas do orfanato, as cobaias de sua pesquisa e que até então tinham sido poupadas, foram deportadas para Auschwitz; somente quatro sobreviveram.

A partir de 1942 os métodos eugenéticos (esterilização e confinamento) foram substituídos por outro, considerado mais eficiente: o genocídio, ou seja a eliminação física destas pessoas, nos campos de concentração e fora deles. Em dezembro de 1942, Himmler ordena enviar todos os ciganos alemães para Auschwitz-Birkenau, então dirigida por Josef Mengele, onde foi instalada uma seção com 40 barracas só para ciganos, ordem depois repetida nos territórios ocupados. Dos 23.000 ciganos internados no campo de extermínio de Auschwitz, cerca de 20.000 morreram e uns 3.000 foram transferidos para outros campos. Os últimos ciganos de Auschwitz, conforme a metódica contabilidade alemã exatamente 2.897, foram todos enviados para as câmaras de gás na noite de 2 de agosto de 1944.

Também outros campos de concentração receberam ciganos, embora em número menor do que Auschwitz. Bernadac publica quase três centenas de páginas com testemunhos de ciganos internados em vários destes campos de concentração. Nem todos eram campos de extermínio e possuíam câmaras de gás e crematórios, mas nem por isto eram menos desumanos. Em Bergen-Belsen, por exemplo, os internos, entre os quais muitos ciganos, eram lentamente assassinados por inanição, sendo os mortos enterrados em enormes valas perto do campo. Quando Bergen-Belsen foi tomado pelos ingleses, em 1945, encontraram cerca de 10.000 corpos ainda insepultos, e cerca de 40.000 pessoas ainda vivas, das quais pouco depois ainda morreram umas 13.000, em parte por causa dos maus tratos e doenças anteriores (em especial o tifo), em parte também por causa da super-alimentação logo dada pelos bem intencionados ingleses, mas que muitos dos subnutridos já não conseguiram mais digerir. Fatos semelhantes foram registrados também em outros campos de concentração. Exércitos não costumam levar também nutricionistas, e por isso, na época, ainda não se sabia – ou pelo menos os soldados e oficiais ainda não sabiam - que pessoas altamente subnutridas também podem morrer por causa de repentina super-alimentação.

Na França existiam até campos de concentração somente para ciganos, administrados pelas próprias autoridades francesas. Não se tratava de campos de extermínio, mas quase sempre de campos de trabalhos forçados e por serem campos em geral pequenos, para uma centena até alguns poucos milhares de pessoas, as condições de vida eram, em geral, melhores do que nos campos administrados pelos alemães. Bernadac chama estes campos, apropriadamente, “as antecâmaras francesas de Auschwitz”, porque principalmente no final da guerra, muitos dos 30 mil ciganos internados nestes campos franceses foram deportados para os campos de extermínio existentes na Alemanha e em outros países.

O tratamento desumano, as terríveis experiências médicas, as câmaras de gás e os crematórios, e outros tantos horrores cometidos pelos alemães nestes campos de concentração, supomos suficientemente conhecidos por todos. Estima-se que 250 a 500 mil de ciganos foram assassinados pelos nazistas. Os números exatos nunca serão conhecidos, mas todos os documentos provam que os judeus não foram as únicas vítimas da perseguição racista pelos nazistas. A única diferença é que o holocausto judeu, e com justa razão, até hoje sempre costuma ser relembrado e não faltam memoriais para lembrar isto, inclusive em Auschwitz. O holocausto cigano, no entanto, costuma ser varrido debaixo do tapete, costuma ser simplesmente ignorado ou esquecido, como algo de menor importância, ou pior ainda como algo que nunca aconteceu, e praticamente não existem monumentos que lembram o holocausto cigano.

A II Guerra Mundial terminou há pouco mais de meio século. Centenas de milhares de judeus receberam indenizações do governo alemão, e o povo judeu recebeu uma Pátria nova (Israel 1948). Os ciganos nunca foram indenizados e nunca receberam nada, sob a alegação de que foram perseguidos e exterminados não por motivos “raciais”, mas por serem associais e criminosos comuns; outros tiveram seus pedidos de indenização negados porque não conseguiram apresentar os testemunhos necessários.

Todas as pesquisas de Ritter e outros sobre as características raciais dos ciganos, suas medições físicas, suas amostras de sangue, as crueis experiências biológicas de Mengele com ciganos em Auschwitz, foram de repente esquecidas. Preferiu-se esquecer ainda circulares oficiais como uma já de 1938, sobre “O combate à praga cigana”, que afirmava: “A experiência até agora acumulada no combate à praga cigana e os resultados da pesquisa biológica-racial mostram que é recomendável abordar a regulamentação da questão cigana do ponto de vista racial”, como de fato aconteceu depois.

O famoso Tribunal de Nuremberg, instituído pelos ‘aliados’ logo após a II Guerra Mundial para condenar europeus que cometeram crimes contra a Humanidade, concentrou suas atividades em crimes contra judeus, mas não há registro de criminosos de guerra condenados por crimes cometidos contra ciganos. Inúmeros judeus – e com toda a razão – tiveram oportunidade para apresentar seus depoimentos e suas denúncias, mas nenhum cigano foi convocado ou aceito para depor ou para denunciar.

Antes pelo contrário, alguns conhecidos e comprovados criminosos anti-ciganos (mas não anti-judeus!) foram até promovidos: Robert Ritter e Eva Justin, por exemplo, foram considerados inocentes e após a guerra viveram ainda um bom tempo exercendo tranquilamente a profissão! Em sua defesa foi alegado que os dois nunca mataram pessoalmente um cigano! Que comprovadamente mandaram dezenas de milhares de ciganos para a morte com seus pseudo-científicos “Certificados de Ciganidade”, não foi levado em consideração. Em 1947 a prefeitura de Frankfurt contratou Ritter como psiquiatra infantil, e no ano seguinte Eva Justin foi contratada como psicóloga criminal e infantil, para cuidar - imaginem só! - da re-educação de crianças associais e desajustadas, muitas das quais certamente vítimas da guerra.

Ainda hoje o holocausto cigano é pouco conhecido do grande público. Também em documentários e em comemorações das vítimas do holocausto nazista, ou em monumentos construídos em sua homenagem, sempre são lembrados apenas os judeus, e nunca os ciganos. Pelo contrário, mesmo depois da guerra os ciganos continuaram sendo discriminados da mesma forma, ou talvez até pior do que antes. Atualmente, no entanto, em livros e revistas que tratam do holocausto, está se tornando ‘politicamente correto’ falar não apenas dos judeus, mas também dos ciganos, enquanto também o número de livros e artigos que tratam do assunto está aumentando sempre mais.

Mesmo depois da guerra, os ciganos continuaram sendo discriminados da mesma forma, ou talvez até pior do que antes. Principalmente nos círculos policiais, todas as antigas ideologias e imagens anti-ciganas continuaram existindo, pelo que nada mudou também nas atitudes anti-ciganas, excluindo-se apenas o genocídio. Os ciganos continuaram pessoas indesejadas e odiadas em toda a Alemanha. Até vários dos assim chamados ‘ciganólogos’ alemães continuaram publicando ensaios nitidamente anti-ciganos.

Ainda hoje, mais de cinquenta anos depois da II Guerra Mundial, pouca coisa mudou. Na decada de 90, após a reunificação das duas Alemanhas (Ocidental e Oriental) e o fim da União Soviética, a Alemanha se tornou o país preferido por dezenas de milhares de refugiados e migrantes do Leste, entre os quais muitos ciganos, principalmente da Romênia e da ex-Iugoslávia. Jansen informa que: "de 1989 a 1990, o número de refugiados vindos da Romênia cresceu mais de dez vezes, de cerca de 3.000 para 35.000. Dois terços deles são Roma. Somente no mês de outubro de 1992, foram registrados na Alemanha 15.000 refugiados da Romênia". Em 1992/93 o governo alemão pagou ao governo romeno mais de 25 milhões de marcos para receber de volta cerca de 50.000 cidadãos romenos, a maioria dos quais Rom. Ninguém perguntou aos Rom se eles realmente queriam voltar, e a sua ‘repatriação’ foi compulsória.

Diga-se de passagem que esta repatriação teve a aprovação também de muitos Sinti, ciganos com nacionalidade alemã e há muito tempo residindo no país e quase todos bem integrados na sociedade nacional, porque temeram que a população os identificasse com os Rom do Leste, segundo eles responsáveis por todos os estereótipos e preconceitos anti-ciganos. Já vimos anteriormente que também na Holanda os ciganos holandeses tradicionais (com nacionalidade holandesa) não gostaram nada da repentina imigração de Rom do Leste, pelo que inclusive ajudaram o Governo a contrabandear ilegalmente muitos destes ciganos “estrangeiros” de volta para algum país vizinho. Comprovadamente, pelo menos na Europa, os ciganos não somente são odiados pelos não-ciganos, mas também – e o que é bem mais grave - se odeiam mutuamente.

Inclusive na Europa do Leste. Segundo Gozdziak, após 1989 muitos Rom romenos migraram também para a Polônia, um país no qual também, há muito tempo, existe uma forte discriminação anti-cigana, apesar da qual muitos antigos ciganos poloneses conseguiram integrar-se no país. Para estes tradicionais ciganos polonêses, a chegada de milhares de ciganos romenos apenas piorou ainda mais a situação: "Os Rom poloneses não se relacionam com os ciganos romenos..... ‘Eles não são meus irmãos’, diz um rom polonês, ‘... nós somos muito diferentes deles, nós não pedimos esmolas nas ruas. Nós não somos dependentes de nínguém, Nós conquistamos aqui nosso espaço. Nossas mulheres são limpas, e as crianças tomam banho. Nós construimos casas e não dormimos no chão. Os ciganos romenos nos envergonham’ ". O fato de este Rom identificar os ciganos poloneses como 'Rom', e os ciganos romenos - sem dúvida alguma Rom - apenas como 'ciganos', é apenas mais uma manifestação de discriminação cigana anti-cigana, e que, lamentavelmente, existe e foi registrada em praticamente todos os países.

Vergonha: talvez seja esta a palavra chave que explique o anti-ciganismo dos próprios ciganos em países nos quais há séculos residem e que, bem ou mal, já conseguiram integrar-se na sociedade nacional, que são sedentários, exercem alguma profissão perfeitamente legal, cujos filhos estudam, e que não são identificados ou identificáveis como 'ciganos', e por isso também não são perseguidos e discriminados.

Entende-se que a chegada repentina de centenas ou milhares de rom orientais maltrapilhos, famintos, imundos, analfabetos e que, para sobreviver, vivem mendigando, enganando ou furtando, ou até envolvendo-se em atividades ilegais como contrabando e o tráfico de drogas, é um pesadelo e uma ameaça para os tradicionais ciganos não somente na Europa Ocidental, mas também em alguns países da Europa Oriental, como a Polônia.

Se até os próprios Rom pensam assim sobre os imigrantes e refugiados Rom romenos, (ex) iugoslavos, (ex) tchecoslovacos, albaneses ou outros, não se pode estranhar opiniões e atitudes ainda piores entre a população não-cigana. Numa pesquisa de opinião pública realizada na Alemanha em 1992, os ciganos obtiveram o mais alto índice de rejeição: 64%. A rejeição de outras conhecidas minorias era: muçulmanos 17%, indianos 14% e judeus 7%.

Grande também é o número de imigrantes e refugiados da ex-Iugoslávia. Milhares de ciganos iugoslavos, que desde 1989 tentaram em vão obter asilo na Alemanha, foram depois compulsoriamente "repatriados" - eufemismo para "deportados"

É compreensível que estas massas de refugiados não sejam bem-vindas na Alemanha, como aliás em nenhum outro país europeu. Afinal de contas, por causa de tratados internacionais, todos eles devem receber alimentação, hospedagem, assistência social, assistência médica, etc., ou seja, devem ser mantidos às custas dos contribuintes não-ciganos. E tudo isto justamente numa época em que também a quase totalidade dos países europeus passa por profundas crises econômicas e têm altos índices de desemprego.

Além disto, por causa dos preconceitos já existentes, os ciganos migrantes ou refugiados do Leste quase nunca recebem a devida assistência, e por isso são obrigados a mendigar, furtar, vender drogas, etc. pelo que os preconceitos aumentam mais ainda. Porque, obviamente, muitos deles são presos e terminam nas páginas policiais dos jornais, nas quais costumam ser identificados como 'ciganos', embora os jornalistas não costumem informar nada sobre a nacionalidade ou identidade étnica dos outros milhares de criminosos presos por causa de 'crimes' idênticos ou semelhantes.

Daí porque a imprensa não se cansa de noticiar incêndios de residências ciganas e outras violências contra ciganos e contra outras minorias étnicas na Alemanha (e em vários outros países europeus), cometidas por neo-nazistas, skinheads e outros grupos ultra-direitistas, ou a repatriação forçada, pelo Governo, de milhares de ciganos para seus países de origem. Na Alemanha de hoje, apesar das belas recomendações pró-ciganas da União Européia, da qual o país faz parte, a vida dos ciganos ainda é difícil, e os tradicionais preconceitos e as centenares discriminações continuam existindo, como antes.

Você quer saber mais?

http://etniacigana.blogspot.com/

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