quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O HOLOCAUSTO CIGANO

A mais selvagem e bárbara perseguição aos ciganos de que se tem notícia, em toda a História da Humanidade, ocorreu não em séculos passados, entre povos então ditos “primitivos” ou “selvagens”, ou no Brasil, mas em pleno Século XX, na Alemanha, país (pelo menos até então) considerado “civilizado”. As únicas vítimas do terror nazista que costumam ser lembradas, no entanto, são apenas os judeus, e quase nunca os ciganos. Enquanto hoje a bibliografia sobre o holocausto judeu é imensa, não faltando inclusive museus e memoriais especialmente construídos para lembrar este triste genocídio, o holocausto cigano sempre foi considerado um fato de menor importância. Os documentos históricos provam que não foi bem assim e que, lamentavelmente, ao lado de cerca de seis milhões de judeus, nos mesmos campos de concentração, nas mesmas câmaras de gás, nos mesmos crematórios, ou então fora deles num lugar qualquer da Europa, foram massacrados também cerca de 250 a 500 mil ciganos. Só recentemente começaram a ser publicados ensaios, inclusive por autores alemães da geração pós-guerra, sobre este “holocausto esquecido”, o holocausto cigano, que os intelectuais ciganos de hoje preferem chamar de ‘poraimos’, para diferenciá-lo do holocausto judeu.

Gilsenbach cita três fatores que facilitaram a perseguição aos ciganos na Alemanha antes e durante a II Guerra Mundial: o já tradicional ódio dos alemães e de outros europeus aos ciganos, existente já desde o Século XV; os arquivos desde o final do Século XIX existentes sobre ciganos na polícia criminal e as teorias de antropólogos, psiquiatras e médicos sobre “higiene racial” e “biologia criminal”. O tradicional ódio aos ciganos já foi visto anteriormente; os outros dois fatores, e principalmente o último, precisam de alguns comentários.

No início do Século XX, as políticas (anti)ciganas alemãs não foram idênticas em todo o país, mas cada Estado ou Província [Land] inventava as suas. Em Munique, na Bavária, já em 1899 criou-se um Serviço de Informação Cigana que registrava todos os ciganos do Estado. Em 1905 o seu diretor, Alfred Dillmann, publicou os primeiros resultados no Zigeunerbuch [O Livro Cigano, também vendido nas livrarias] que continha o registro, com uma dezena de dados pessoais, de 3.350 ciganos e que se destinava a ajudar a polícia na ‘erradicação da praga cigana’.

Em 1925/26 a Bavária editou uma lei que tornou obrigatória a vida sedentária e condenou a dois anos de trabalhos forçados ciganos não regularmente empregados, lei que em 1929 passou a ser válida na Alemanha toda. Mas já em 1927, todos os ciganos alemães foram obrigados a andarem sempre com um documento de identidade, com retrato, impressões digitais e outros dados pessoais. Alguns anos depois foi criado o Serviço Central de Combate à Praga Cigana, órgão nacional que incorporou o Serviço de Munique e outros semelhantes então existentes, e passou a ser dirigido pelo mesmo Dillmann, que em pouco tempo reuniu informações sobre mais de trinta mil ciganos alemães. Este Serviço anti-cigano foi extinto em 1947, mas recriado em 1953, embora com outro nome; definitivamente extinto foi somente em 1970, vinte e cinco anos após o término da II Guerra Mundial!

O Serviço alemão de Combate à Praga Cigana, sem dúvida alguma, foi o mais eficiente do mundo e poucos ciganos devem ter escapado de seus registros. No entanto, também em outros países foram realizados recenseamentos ciganos, foram criados cadastros permanentes da população cigana e criadas leis para evitar ou, pelo menos, controlar a sua presença no país. Até a famosa Interpol (na época chamada Comissão Internacional de Polícia Criminal) criou em 1936, em Viena, um Centro Internacional para a Luta contra a Praga Cigana, cujos arquivos foram destruídos em 1945. Ou seja, quando em 1933 os nazistas chegaram ao poder, tanto na Alemanha quanto em vários países vizinhos (p.ex. França e Holanda) que depois seriam ocupados, a maioria dos ciganos já estava devidamente registrada e identificada, e já existiam políticas anti-ciganas.

A diferença era que agora os ciganos passaram a ser perseguidos - e depois exterminados - também por motivos raciais, e não apenas por serem considerados associais ou criminosos natos. Embora os alemães tenham negado isto após a II Guerra Mundial, quando foram obrigados a pagar indenizações às vítimas perseguidas por motivos raciais (admitindo-se como caso único os judeus), e embora tenham sempre afirmado que os ciganos foram perseguidos por serem “associais”, e não por serem de uma raça diferente, não resta a menor dúvida que ambos os fatores pesaram na perseguição. Muitos documentos e ensaios “científicos” da época comprovam, sem sombra de dúvida, que não somente os judeus, mas também os ciganos eram considerados membros de “raças” diferentes consideradas perigosas, porque poderiam contaminar a pureza racial ‘ariana’. Para esta justificativa “racial”, a Alemanha pôde contar com vários médicos, biólogos e antropólogos.

Já em 1904 o antropólogo Alfred Ploetz fundou um “Arquivo para Raciologia e Biologia Social”, que no ano seguinte virou “Sociedade para Higiene Racial”. Anos depois, os antropólogos Bauer, Fischer e Lenz publicaram um manual sobre Genética Humana e Higiene Racial, que foi lido por Hitler quando, prisioneiro em 1924, escreveu Mein Kampf, a futura biblia nazista.Não pretendemos citar aqui todos os institutos alemães na época considerados ‘científicos’, ou todos os biologos, antropólogos e outros cientistas que na época se dedicaram a pesquisas raciais, eugenéticas e ciganas, porque estes dados encheriam algumas dezenas de páginas. Dois nomes, no entanto, merecem destaque, porque são citados por praticamente todos os autores que tratam desta época: o médico psiquiatra Robert Ritter e sua assistente, a enfermeira Eva Dustin, entre os ciganos Sinti mais conhecida como Lolitschai, “a moça ruiva”.

Em 1937 Ritter se tornou diretor do Centro de Pesquisa para Higiene Racial e Biologia Populacional, com sede em Berlim, onde se dedicou intensivamente às pesquisas ciganas. Somente o nome deste Centro já é suficiente para provar que os ciganos eram considerados uma “raça’ diferente. Neste Centro, entre outras coisas, Ritter investigava uma suposta relação entre hereditariedade e criminalidade, elaborando complicadas árvores genealógicas de ciganos para medir o grau de ‘mistura racial’, para o que utilizava inclusive os dados do já citado Serviço de Informação Cigana de Munique, que foram transferidos para Berlim.

Ritter e os membros de sua equipe eram defensores da “eugenética”, ou “higiene racial”, segundo a qual devia ser evitada a procriação de elementos nocivos à sociedade. Entre as pessoas nocivas estavam não apenas os deficientes físicos e mentais, mas também os “associais hereditários” (mendigos, vagabundos, prostitutas, alcoólatras, homosexuais, desempregados crônicos, e.o., como se estas características fossem transmissíveis hereditariamente!), e as minorias raciais nocivas, como os ciganos e os judeus. Para “limpar” a raça humana, Ritter e outros tantos “eugenéticos” da época inicialmente propunham a esterilização destas pessoas (a total eliminação física só seria proposta alguns anos depois). Estima-se que na Alemanha nazista cerca de 400.000 pessoas foram esterilizadas, entre as quais muitos ciganos.

O mesmo aconteceu, por sinal, também em outros países, inclusive nos Estados Unidos, onde até 1939 comprovadamente cerca de 30.000 pessoas “indesejáveis” foram contra a sua vontade esterilizadas. Mas estes tristes episódios, como também os vergonhosos campos de concentração para japoneses e seus descendentes nos Estados Unidos, durante a II Guerra Mundial, os historiadores americanos preferem ‘esquecer’, principalmente nos livros didáticos e, oficialmente, ‘nunca aconteceram’.

Foi nesta época que os biólogos alemães tentaram deseperadamente descobrir, com fins práticos, quais eram as características “raciais” ciganas, já que na maioria dos casos era impossível distinguir os ciganos do resto da população alemã através de características físicas específicas. Mas mesmo Ritter e seus colegas nunca foram capazes de descrever estas características. Daí porque, na Alemanha daquele tempo, era classificado como “Z” (de “Zigeuner”), ou seja “cigano puro” todo indivíduo com quatro ou três avós “verdadeiros ciganos”; como “ZM+” ou mestiço em primeiro grau era classificado quem tinha menos do que três avós “verdadeiros ciganos”; “ZM-” era o mestiço em segundo grau que tinha pelo menos dois avós “ciganos-mestiços”; avó ou avô “verdadeiro cigano” era aquele que sempre tinha sido reconhecido, pela opinião pública, como “cigano”. Ou seja, no final das contas tratava-se de critérios subjetivos, e não científicos. Ritter chegou a classificar “racialmente” cerca de 25 a 30 mil ciganos alemães, mas a quase totalidade era, segundo ele, formada por mestiços, ou seja, eram candidatos à esterilização, confinamento em campos de concentração e, finalmente, extermínio.

No início dos anos 40 alguns nazistas intencionavam ainda conservar para a posterioridade uma “amostra” de Sinti “puros”, melhor dito, oito famílias Sinti e uma família Lalleri, que seriam confinadas numa espécie de “reserva cigana” a ser criada na Hungria e administrada pelo Instituto do Patrimônio Histórico. Esta “reserva cigana” nunca chegou a se tornar realidade; no final, também estes ciganos “puros” terminaram nos campos de concentração ou de extermínio. Em 1940, Ritter escreveu num relatório:

“Fomos capazes de provar que mais do que 90% dos assim chamados ciganos nativos são mestiços...... Outros resultados de nossas investigações permitem-nos caracterizar os ciganos como um povo de origens etnológicas totalmente primitivas, cujo atraso mental os torna incapazes de uma real adaptação social..... A questão cigana só pode ser resolvida reunindo o grosso dos mestiços ciganos associais e imprestáveis em grandes campos de trabalho e mantendo-os trabalhando, e parando para sempre a futura procriação desta população mestiça”.
Para cada cigano, Ritter emitia então um “Certificado”, assinado por ele pessoalmente ou por sua assistente Eva Justin, no qual constavam além do nome e dados pessoais, o grau de ciganidade. Quase sempre o diagnóstico era: “mestiço cigano”, o que na prática correspondia a uma condenação à esterilização ou à deportação e internação (e posterior extermínio) em campos de concentração.

Eva Justin, na época, era apenas uma simples enfermeira, sem qualquer formação acadêmica, mas que apesar disto sonhava com o título de Doutor, e para obtê-lo escreveu uma ‘tese’ sobre a suposta inadaptabilidade social de crianças ciganas, estudando durante apenas seis semanas um grupo de crianças ciganas internadas numa espécie de orfanato, sem contato com seus pais ou outros ciganos adultos. Obviamente chegou à conclusão que a boa educação recebida neste internato de nada adiantou e que as crianças continuaram tão associais como antes; para ela, crianças ciganas eram simplesmente incorrigíveis, eram associais e criminosos natos.

A “tese” foi defendida em 1943, na Universidade de Berlim. Poucos dias após a obtenção do diploma, as 39 crianças ciganas do orfanato, as cobaias de sua pesquisa e que até então tinham sido poupadas, foram deportadas para Auschwitz; somente quatro sobreviveram.

A partir de 1942 os métodos eugenéticos (esterilização e confinamento) foram substituídos por outro, considerado mais eficiente: o genocídio, ou seja a eliminação física destas pessoas, nos campos de concentração e fora deles. Em dezembro de 1942, Himmler ordena enviar todos os ciganos alemães para Auschwitz-Birkenau, então dirigida por Josef Mengele, onde foi instalada uma seção com 40 barracas só para ciganos, ordem depois repetida nos territórios ocupados. Dos 23.000 ciganos internados no campo de extermínio de Auschwitz, cerca de 20.000 morreram e uns 3.000 foram transferidos para outros campos. Os últimos ciganos de Auschwitz, conforme a metódica contabilidade alemã exatamente 2.897, foram todos enviados para as câmaras de gás na noite de 2 de agosto de 1944.

Também outros campos de concentração receberam ciganos, embora em número menor do que Auschwitz. Bernadac publica quase três centenas de páginas com testemunhos de ciganos internados em vários destes campos de concentração. Nem todos eram campos de extermínio e possuíam câmaras de gás e crematórios, mas nem por isto eram menos desumanos. Em Bergen-Belsen, por exemplo, os internos, entre os quais muitos ciganos, eram lentamente assassinados por inanição, sendo os mortos enterrados em enormes valas perto do campo. Quando Bergen-Belsen foi tomado pelos ingleses, em 1945, encontraram cerca de 10.000 corpos ainda insepultos, e cerca de 40.000 pessoas ainda vivas, das quais pouco depois ainda morreram umas 13.000, em parte por causa dos maus tratos e doenças anteriores (em especial o tifo), em parte também por causa da super-alimentação logo dada pelos bem intencionados ingleses, mas que muitos dos subnutridos já não conseguiram mais digerir. Fatos semelhantes foram registrados também em outros campos de concentração. Exércitos não costumam levar também nutricionistas, e por isso, na época, ainda não se sabia – ou pelo menos os soldados e oficiais ainda não sabiam - que pessoas altamente subnutridas também podem morrer por causa de repentina super-alimentação.

Na França existiam até campos de concentração somente para ciganos, administrados pelas próprias autoridades francesas. Não se tratava de campos de extermínio, mas quase sempre de campos de trabalhos forçados e por serem campos em geral pequenos, para uma centena até alguns poucos milhares de pessoas, as condições de vida eram, em geral, melhores do que nos campos administrados pelos alemães. Bernadac chama estes campos, apropriadamente, “as antecâmaras francesas de Auschwitz”, porque principalmente no final da guerra, muitos dos 30 mil ciganos internados nestes campos franceses foram deportados para os campos de extermínio existentes na Alemanha e em outros países.

O tratamento desumano, as terríveis experiências médicas, as câmaras de gás e os crematórios, e outros tantos horrores cometidos pelos alemães nestes campos de concentração, supomos suficientemente conhecidos por todos. Estima-se que 250 a 500 mil de ciganos foram assassinados pelos nazistas. Os números exatos nunca serão conhecidos, mas todos os documentos provam que os judeus não foram as únicas vítimas da perseguição racista pelos nazistas. A única diferença é que o holocausto judeu, e com justa razão, até hoje sempre costuma ser relembrado e não faltam memoriais para lembrar isto, inclusive em Auschwitz. O holocausto cigano, no entanto, costuma ser varrido debaixo do tapete, costuma ser simplesmente ignorado ou esquecido, como algo de menor importância, ou pior ainda como algo que nunca aconteceu, e praticamente não existem monumentos que lembram o holocausto cigano.

A II Guerra Mundial terminou há pouco mais de meio século. Centenas de milhares de judeus receberam indenizações do governo alemão, e o povo judeu recebeu uma Pátria nova (Israel 1948). Os ciganos nunca foram indenizados e nunca receberam nada, sob a alegação de que foram perseguidos e exterminados não por motivos “raciais”, mas por serem associais e criminosos comuns; outros tiveram seus pedidos de indenização negados porque não conseguiram apresentar os testemunhos necessários.

Todas as pesquisas de Ritter e outros sobre as características raciais dos ciganos, suas medições físicas, suas amostras de sangue, as crueis experiências biológicas de Mengele com ciganos em Auschwitz, foram de repente esquecidas. Preferiu-se esquecer ainda circulares oficiais como uma já de 1938, sobre “O combate à praga cigana”, que afirmava: “A experiência até agora acumulada no combate à praga cigana e os resultados da pesquisa biológica-racial mostram que é recomendável abordar a regulamentação da questão cigana do ponto de vista racial”, como de fato aconteceu depois.

O famoso Tribunal de Nuremberg, instituído pelos ‘aliados’ logo após a II Guerra Mundial para condenar europeus que cometeram crimes contra a Humanidade, concentrou suas atividades em crimes contra judeus, mas não há registro de criminosos de guerra condenados por crimes cometidos contra ciganos. Inúmeros judeus – e com toda a razão – tiveram oportunidade para apresentar seus depoimentos e suas denúncias, mas nenhum cigano foi convocado ou aceito para depor ou para denunciar.

Antes pelo contrário, alguns conhecidos e comprovados criminosos anti-ciganos (mas não anti-judeus!) foram até promovidos: Robert Ritter e Eva Justin, por exemplo, foram considerados inocentes e após a guerra viveram ainda um bom tempo exercendo tranquilamente a profissão! Em sua defesa foi alegado que os dois nunca mataram pessoalmente um cigano! Que comprovadamente mandaram dezenas de milhares de ciganos para a morte com seus pseudo-científicos “Certificados de Ciganidade”, não foi levado em consideração. Em 1947 a prefeitura de Frankfurt contratou Ritter como psiquiatra infantil, e no ano seguinte Eva Justin foi contratada como psicóloga criminal e infantil, para cuidar - imaginem só! - da re-educação de crianças associais e desajustadas, muitas das quais certamente vítimas da guerra.

Ainda hoje o holocausto cigano é pouco conhecido do grande público. Também em documentários e em comemorações das vítimas do holocausto nazista, ou em monumentos construídos em sua homenagem, sempre são lembrados apenas os judeus, e nunca os ciganos. Pelo contrário, mesmo depois da guerra os ciganos continuaram sendo discriminados da mesma forma, ou talvez até pior do que antes. Atualmente, no entanto, em livros e revistas que tratam do holocausto, está se tornando ‘politicamente correto’ falar não apenas dos judeus, mas também dos ciganos, enquanto também o número de livros e artigos que tratam do assunto está aumentando sempre mais.

Mesmo depois da guerra, os ciganos continuaram sendo discriminados da mesma forma, ou talvez até pior do que antes. Principalmente nos círculos policiais, todas as antigas ideologias e imagens anti-ciganas continuaram existindo, pelo que nada mudou também nas atitudes anti-ciganas, excluindo-se apenas o genocídio. Os ciganos continuaram pessoas indesejadas e odiadas em toda a Alemanha. Até vários dos assim chamados ‘ciganólogos’ alemães continuaram publicando ensaios nitidamente anti-ciganos.

Ainda hoje, mais de cinquenta anos depois da II Guerra Mundial, pouca coisa mudou. Na decada de 90, após a reunificação das duas Alemanhas (Ocidental e Oriental) e o fim da União Soviética, a Alemanha se tornou o país preferido por dezenas de milhares de refugiados e migrantes do Leste, entre os quais muitos ciganos, principalmente da Romênia e da ex-Iugoslávia. Jansen informa que: "de 1989 a 1990, o número de refugiados vindos da Romênia cresceu mais de dez vezes, de cerca de 3.000 para 35.000. Dois terços deles são Roma. Somente no mês de outubro de 1992, foram registrados na Alemanha 15.000 refugiados da Romênia". Em 1992/93 o governo alemão pagou ao governo romeno mais de 25 milhões de marcos para receber de volta cerca de 50.000 cidadãos romenos, a maioria dos quais Rom. Ninguém perguntou aos Rom se eles realmente queriam voltar, e a sua ‘repatriação’ foi compulsória.

Diga-se de passagem que esta repatriação teve a aprovação também de muitos Sinti, ciganos com nacionalidade alemã e há muito tempo residindo no país e quase todos bem integrados na sociedade nacional, porque temeram que a população os identificasse com os Rom do Leste, segundo eles responsáveis por todos os estereótipos e preconceitos anti-ciganos. Já vimos anteriormente que também na Holanda os ciganos holandeses tradicionais (com nacionalidade holandesa) não gostaram nada da repentina imigração de Rom do Leste, pelo que inclusive ajudaram o Governo a contrabandear ilegalmente muitos destes ciganos “estrangeiros” de volta para algum país vizinho. Comprovadamente, pelo menos na Europa, os ciganos não somente são odiados pelos não-ciganos, mas também – e o que é bem mais grave - se odeiam mutuamente.

Inclusive na Europa do Leste. Segundo Gozdziak, após 1989 muitos Rom romenos migraram também para a Polônia, um país no qual também, há muito tempo, existe uma forte discriminação anti-cigana, apesar da qual muitos antigos ciganos poloneses conseguiram integrar-se no país. Para estes tradicionais ciganos polonêses, a chegada de milhares de ciganos romenos apenas piorou ainda mais a situação: "Os Rom poloneses não se relacionam com os ciganos romenos..... ‘Eles não são meus irmãos’, diz um rom polonês, ‘... nós somos muito diferentes deles, nós não pedimos esmolas nas ruas. Nós não somos dependentes de nínguém, Nós conquistamos aqui nosso espaço. Nossas mulheres são limpas, e as crianças tomam banho. Nós construimos casas e não dormimos no chão. Os ciganos romenos nos envergonham’ ". O fato de este Rom identificar os ciganos poloneses como 'Rom', e os ciganos romenos - sem dúvida alguma Rom - apenas como 'ciganos', é apenas mais uma manifestação de discriminação cigana anti-cigana, e que, lamentavelmente, existe e foi registrada em praticamente todos os países.

Vergonha: talvez seja esta a palavra chave que explique o anti-ciganismo dos próprios ciganos em países nos quais há séculos residem e que, bem ou mal, já conseguiram integrar-se na sociedade nacional, que são sedentários, exercem alguma profissão perfeitamente legal, cujos filhos estudam, e que não são identificados ou identificáveis como 'ciganos', e por isso também não são perseguidos e discriminados.

Entende-se que a chegada repentina de centenas ou milhares de rom orientais maltrapilhos, famintos, imundos, analfabetos e que, para sobreviver, vivem mendigando, enganando ou furtando, ou até envolvendo-se em atividades ilegais como contrabando e o tráfico de drogas, é um pesadelo e uma ameaça para os tradicionais ciganos não somente na Europa Ocidental, mas também em alguns países da Europa Oriental, como a Polônia.

Se até os próprios Rom pensam assim sobre os imigrantes e refugiados Rom romenos, (ex) iugoslavos, (ex) tchecoslovacos, albaneses ou outros, não se pode estranhar opiniões e atitudes ainda piores entre a população não-cigana. Numa pesquisa de opinião pública realizada na Alemanha em 1992, os ciganos obtiveram o mais alto índice de rejeição: 64%. A rejeição de outras conhecidas minorias era: muçulmanos 17%, indianos 14% e judeus 7%.

Grande também é o número de imigrantes e refugiados da ex-Iugoslávia. Milhares de ciganos iugoslavos, que desde 1989 tentaram em vão obter asilo na Alemanha, foram depois compulsoriamente "repatriados" - eufemismo para "deportados"

É compreensível que estas massas de refugiados não sejam bem-vindas na Alemanha, como aliás em nenhum outro país europeu. Afinal de contas, por causa de tratados internacionais, todos eles devem receber alimentação, hospedagem, assistência social, assistência médica, etc., ou seja, devem ser mantidos às custas dos contribuintes não-ciganos. E tudo isto justamente numa época em que também a quase totalidade dos países europeus passa por profundas crises econômicas e têm altos índices de desemprego.

Além disto, por causa dos preconceitos já existentes, os ciganos migrantes ou refugiados do Leste quase nunca recebem a devida assistência, e por isso são obrigados a mendigar, furtar, vender drogas, etc. pelo que os preconceitos aumentam mais ainda. Porque, obviamente, muitos deles são presos e terminam nas páginas policiais dos jornais, nas quais costumam ser identificados como 'ciganos', embora os jornalistas não costumem informar nada sobre a nacionalidade ou identidade étnica dos outros milhares de criminosos presos por causa de 'crimes' idênticos ou semelhantes.

Daí porque a imprensa não se cansa de noticiar incêndios de residências ciganas e outras violências contra ciganos e contra outras minorias étnicas na Alemanha (e em vários outros países europeus), cometidas por neo-nazistas, skinheads e outros grupos ultra-direitistas, ou a repatriação forçada, pelo Governo, de milhares de ciganos para seus países de origem. Na Alemanha de hoje, apesar das belas recomendações pró-ciganas da União Européia, da qual o país faz parte, a vida dos ciganos ainda é difícil, e os tradicionais preconceitos e as centenares discriminações continuam existindo, como antes.

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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

GESTAPO


A chegada de Adolf Hitler aos altos quadros políticos alemães instituiu uma série de transformações que tinha como principal objetivo assegurar a ampliação dos papéis do Estado. Uma das preocupações centrais do regime nazista era dar fim a qualquer tipo de oposição política que questionasse ou ameaçasse a hegemonia do Partido Nazista dentro da Alemanha. Por isso, em 1933, foi criada a Geheime Staatspolizei, popularmente conhecida como GESTAPO.

A GESTAPO era uma polícia política criada com o intuito de abafar os movimentos sociais e partidos clandestinos que pudessem se formar na Alemanha. Sua origem esteve ligada a um órgão da Polícia Secreta Prussiana e, ao longo de sua trajetória, teve grande importância para aprisionar aqueles que eram vistos como “inimigos nacionais” e mobilizar os grupos de prisioneiros a serem encaminhados para os temíveis campos de concentração.

O recrutamento dos participantes dessa força policial nazista era feito voluntariamente e, segundo algumas estimativas, pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial, contavam com cerca de 50.000 membros. Com seu visível crescimento, a GESTAPO passou a contar com cinco subseções responsáveis por diferentes pastas. Dessa maneira, o Estado Nazista garantia um funcionamento mais eficaz das ações dessa força policial.

O setor A era responsável pelas oposições, sabotagem e serviços de proteção aos líderes nazistas. O setor B tratava de movimentos políticos religiosos, seitas e dos judeus. O setor C cuidava da burocracia e dos documentos oficiais ligados ao Estado Nazista. O setor D realizava a inspeção dos territórios sob domínio alemão e o setor E com assuntos de segurança. O último setor, o setor F, cuidava de assuntos de documentação alfandegária e das relações com as polícias estrangeiras.

Em diversas ocasiões, os membros da GESTAPO se disfarçavam para conseguirem tomar conhecimento de quais eram os cidadãos contrários à ideologia totalitária e corporativista dos nazistas. Sem estar subordinada a nenhum órgão judiciário, poderia promover condenações sumárias de maneira completamente autônoma. Tais poderes tiverem grande importância para que essa polícia secreta utilizasse de terríveis técnicas de tortura física e psicológica para a obtenção de informações.

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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

INTEGRALISTAS ALIADOS AO EIXO!

“Os Integralistas presentes no Brasil durante a 2ª Guerra Mundial deram sinais ao inimigo para que afundasse navios da nossa frota mercante”.

É com estas e outras afirmações que os inimigos do Sigma, durante anos, proferem calúnias contra o Integralismo, associando-o a doutrinas alienígenas, tais como o Fascismo e o Nazismo. O objetivo destas táticas nefastas, seguindo ordens do Komintern, datada de 1936, é denunciado no livro “O Integralismo perante a Nação” e reproduzido em formato de folhetim de autoria do Chefe Nacional da Acção Integralista Brasileira Plínio Salgado é criar uma névoa de inverdades, de onde nos tentam imputar uma amizade e reciprocidade com os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), que de verídica nada possui, produzindo, em alguns casos, até mesmo provas falsas para corroborar com tais acusações.

Durante um dos seus primeiros discursos, após o regresso do exílio, pronunciado no dia 27 de outubro de 1946, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Plínio Salgado apressou-se em rechaçar tal afirmação, informando a população brasileira que, o Chefe do Estado Maior da Armada Brasileira, durante a 2ª Guerra Mundial, Comandante Gerson e Macedo Soares, pertenceu aos quadros da Acção Integralista Brasileira - AIB, bem como centenas de oficiais e marinheiros da Marinha de Guerra brasileira. Além desta explanação, informou ainda aos agentes da desinformação que, durante o Estado Novo, promoveram verdadeira caçada contra o Integralismo através de calúnias e prisões ilegais, que vários tripulantes dos navios torpedeados pela Marinha Alemã, tais como os navios, Cabeledo, Araraquara, Aníbal Benévolo, Arará e Baependí, pertenceram aos quadros da AIB e suas famílias, em muitos casos, nunca receberam reparações financeiras, deixando desta forma seus parentes desamparados, sendo auxiliadas, na maioria dos casos, pela Casa do Marinheiro, entidade fundada pelos Integralistas para ajudar as famílias carentes dos combatentes.

Segundo Plínio Salgado, “Oitenta por cento dos oficiais e marinheiros da Marinha de Guerra, tinham feito profissão de fé da nossa doutrina e tinham sido fichados no Integralismo, como atestam os nossos arquivos na parte salva das garras policiais da ditadura: em nossas fileiras, numerosíssimos marujos da nossa Marinha Mercante” (...) “como seria possível aos Integralistas apontar barcos mercantes ao estrangeiro inimigo, quando lá dentro, levavam a Bandeira Nacional companheiros nossos? Muitos escaparam com vida, mas perderam outros”.

Com este trecho retirado do histórico discurso e vinculado em diversos jornais nacionais e internacionais, fica claro que nunca os Integralistas presentes em solo Nacional durante a 2ª Guerra Mundial auxiliaram, de alguma forma, os governos estrangeiros envolvidos no conflito, cedendo informações privilegiadas, pelo contrário, aos Integralistas estavam praticamente entregues a defesa do Atlântico, se sacrificando de forma heróica, muitas vezes com a vida, para assegurar a soberania nacional em águas brasileiras.

Não haveria necessidade de recorrer ao histórico discurso de Plínio Salgado proferido na antiga Capital da Republica para demonstrar que esta associação e no mínimo irresponsável. Antes da fundação da AIB, Plínio Salgado como jornalista do jornal “A Razão”, em 1931, publicou artigo intitulado “Nacionalismo” que atacava publicamente o Nazismo alemão como uma real ameaça a soberania nacional, portanto Plínio Salgado foi o primeiro político brasileiro a atacar publicamente o Nazismo.

O boletim “Bandeira do Sigma” homenageia todos os Integralistas que tombaram na batalha do Atlântico, em especial o Comandante do navio Cabedelo Pedro Veloso, Comandante do navio Baependí João Soares da Silva, Comissário Sandes de Oliveira, Dr. Carlos de Azambuja, Taifeiros Francisco Xavier Dias e Irineu Pereira da Silva todos do navio Araraquara, imediato Manuel Duarte Cardoso do navio Aníbal Benévolo e comissário Durval Batista dos Santos do navio Arará.

Autor: Jorge Figueira, artigo publicado no boletim Bandeira do Sigma, n.16, ano II, novembro de 2010.
E-mail: zedebotafogo@hotmail.com

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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Einsatzgruppen (Unidades Móveis de Extermínio)



Einsatzgruppe C (grupo de unidades móveis de extermínio) vasculham pertences dos judeus massacrados em Babi Yar, uma ravina perto de Kiev. Foto tirada na União Soviética, entre 29 de setembro a 1° de outubro de 1941." alt="Soldados de uma unidade não identificada da e C (grupo de unidades móveis de extermínio) vasculham pertences dos judeus massacrados em Babi Yar, uma ravina perto de Kiev. Foto tirada na União Soviética, entre 29 de setembro a 1° de outubro de 1941." style="width: 320px;">

Soldados de uma unidade não identificada da Einsatzgruppe C (grupo de unidades móveis de extermínio) vasculham pertences dos judeus massacrados em Babi Yar, uma ravina perto de Kiev. Foto tirada na União Soviética, entre 29 de setembro a 1° de outubro de 1941.

— United States Holocaust Memorial Museum

As Einisatzgruppen eram unidades móveis de extermínio, esquadrões compostos principalmente pela polícia alemã e pelas SS. Sob o comando do Serviço de Segurança (Sicherheitsdienst; SD) e das autoridades da Polícia de Segurança alemã (Sicherheitspolizei; Sipo), as unidades móveis de extermínio tinham, entre suas atividades a tarefa de assassinar pessoas suspeitas de serem inimigas raciais ou políticas do nazismo que se encontravam atrás das linhas de combate alemãs, dentro do território soviético ocupado.

As vítimas incluiam judeus, ciganos da subetnia Roma, e autoridades do estado e do Partido Comunista soviético. Os Einsatzgruppen também assassinaram milhares de deficientes físicos e mentais que se encontravam internados em instituições médicas e sociais. Muitos estudiosos acreditam que o assassinato sistemático dos judeus dentro da União Soviética ocupada pelos batalhões dos Einsatzgruppen e da Polícia da Ordem (Ordnungspolizei), foi o primeiro estágio da “Solução Final”, o programa nazista para o extermínio dos judeus europeus.

Durante a invasão da União Soviética, em junho de 1941, as Einsatzgruppen acompanhavam o exército alemão enquanto este avançava rumo o interior do território soviético. As Einsatzgruppen, muitas vezes com o apoio dos cidadãos soviéticos e da polícia local, realizavam operações de extermínio em massa, indo diretamente até locais onde haviam comunidades judaicas e massacrando todos seus habitantes, diferentemente dos métodos posteriormente empregados de deportação dos judeus dos locais onde viviam, cidades ou guetos, para serem assassinados nos campos de extermínio.

O exército alemão provia o apoio logístico para as Einsatzgruppen, incluindo suprimentos, transporte, moradia, e até mesmo recursos humanos, através de unidades militares que vigiavam e transportavam os prisioneiros. No início de suas atividades as Einsatzgruppen atiravam somente em homens, porém, de meados até o final de 1941, passaram a assassinar a todos--homens, mulheres e crianças-- sem distinção de idade, e os enterrava em conjunto em grandes valas. Com a ajuda de informantes e intérpretes, identificavam-se os judeus de uma determinada região, que eram então levados para pontos de coleta, como lixo. Destes locais tinham que marchar, ou eram transportados por caminhões, para os locais onde seriam massacrados e onde grandes valas já haviam sido abertas. Em alguns casos, as vítimas tinham que cavar suas próprias sepulturas: depois de entregarem seus objetos de valor e de serem forçados a se despir, homens, mulheres e crianças eram fuzilados, fosse ao “estilo militar” (de pé, na frente da sepultura aberta) ou deitados dentro das valas, com a face virada para o fundo. Este último tipo de assassinato em massa era designado pelos nazistas e seus cúmplices, em deboche cruel, como “empacotamento de sardinhas”.

O fuzilamentos era o método mais comumente utilizado pelas Einsatzgruppen para assassinar os judeus. Porém, já quase no final de 1941, Heinrich Himmler, observando os efeitos psicológicos e o cansaço que os fuzilamentos em massa causavam em seus perpetradores, solicitou o desenvolvimento de uma forma de assassinato em massa mais rápida, impessoal e conveniente. Assim foram criados os “caminhões de gás”, que eram câmaras de gás móveis montadas sobre o chassis de um caminhão cujos canos de escapamento eram virados para dentro das caixas de transporte onde estavam os prisioneiros, matando-os através do envenenamento por pelo monóxido de carbono. Os caminhões de gás foram utilizados pela primeira vez na frente oriental (países a leste da Alemanha) no final do outono de 1941; e também foram utilizados em conjunto com os fuzilamentos para apressar a matança das vítimas, judeus e não-judeus, que estavam nas áreas onde as Einsatzgruppen operavam.

As Einsatzgruppen que acompanhavam o exército alemão durante a ocupação da União Soviética eram compostas por quatro grandes grupos operacionais: a Einsatzgruppe A espalhou-se pelo leste da Prússia e atravessou a Lituânia, a Letônia, e a Estônia em direção a Leningrado (atualmente São Petersburgo). Elas massacraram os judeus de Kovno, Riga e Vilna; o Einsatzgruppe B saiu de Varsóvia, na Polônia ocupada, e espalhou-se pela Bielorrússia, em direção a Smolensk e Minsk, devastando a população judaica de Grodno, Minsk, Brest-Litvosk, Slonim, Gomel e Moglilev, além de outras regiões; a Einsatzgruppe C começou suas operações em Krakow (Cracóvia) e se espalhou atravessando a região oeste da Ucrânia, em direção a Kharkov e Rostov-on-Don. Os membros daquele grupo assassinaram populações inteiras em Lvov, Tarnopol, Zolochev, Kremenets, Cracóvia, Zhitomir e Kiev. Elas eram tão letais que, na cidade de Kiev, na Ucrânia, as unidades do 4º destacamento dos Einsatzgruppen mataram, em apenas dois dias, 33.771 judeus na ravina de Babi Yar, no final de setembro de 1941. Das quatro unidades, o Einsatzgruppe D era o que operava mais ao sul. Seus membros chacinaram populações judaicas inteiras no sul da Ucrânia e da Criméia, principalmente em Nikolayev, Kherson, Simferopol, Secastopol, Feodosiya, e na região de Krasnodar.

Em sua tarefa macabra, as Einsatzgruppen recebiam ajuda dos soldados alemães e dos demais países do Eixo, bem como de colaboradoracionistas locais e outras unidades das SS. Os membros das Einsatzgruppen eram escolhidos entre unidades das SS, das Waffen SS (formações militares das próprias SS), SD, Sipo, Polícia da Ordem, e outras unidades políciais.

Na primavera de 1943, os batalhões das Einsatzgruppen e da Polícia da Ordem já haviam exterminado mais de um milhão de judeus soviéticos, além de dezenas de milhares de comissários políticos soviéticos, guerrilheiros, ciganos da subetnia Roma, e deficientes físicos e mentais que se encontravam em instituições destinadas a seus cuidados. Os métodos móveis de extermínio, particularmente os fuzilamentos, mostraram-se cansativos, ineficientes, e ainda traumatizanates para muitos dos que atiravam. Mesmo com a continuação das atividades das Einsatzgruppen, as autoridades alemãs planejaram e iniciaram a construção de instalações fixas de gás nos campos de extermínio centralizados com a finalidade de exterminar uma quantidade bem maior de judeus.

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Anne Frank


Fragmento do diário de Anne Frank no dia 10 de outubro de 1942: "Esta é uma fotografia minha, ela mostra como eu gostaria de ficar para sempre. Então eu ainda poderia ter uma chance de ir para Hollywood, mas agora estou com medo, a minha aparência está muito diferente".  Amsterdã, Holanda.

Fragmento do diário de Anne Frank no dia 10 de outubro de 1942: "Esta é uma fotografia minha, ela mostra como eu gostaria de ficar para sempre. Então eu ainda poderia ter uma chance de ir para Hollywood, mas agora estou com medo, a minha aparência está muito diferente". Amsterdã, Holanda.

— Anne Frank Stichting

Anne Frank foi uma entre o total de 1 milhão de crianças judias assassinadas durante o Holocausto. Seu nome completo era Annelies Marie Frank, nascida a 12 de junho de 1929 em Frankfurt, Alemanha, filha de Otto e Edith Frank.

Nos primeiros cinco anos de vida Anne morou com seus pais, e sua irmã mais velha Margot, em um apartamento localizado nos arredores de Frankfurt. Depois que os nazistas subiram ao poder, em 1933, Otto Frank fugiu para Amsterdã, na Holanda, onde tinha alguns contatos profissionais. O restante da família seguiu Otto, sendo Anne a última a lá chegar, em fevereiro de 1934, depois de haver permanecido por um breve período com seus avôs na cidade de Aachen.

Os alemães ocuparam Amsterdã em maio de 1940. Em julho de 1942, as autoridades alemãs e seus colaboradores holandeses começaram a concentrar judeus de todo o território holandês em Westerbork, um campo de trânsito próximo à cidade holandesa de Assen, não muito distante da fronteira com a Alemanha, de onde os deportaram para os campos de extermínio de Auschwitz-Birkenau e Sobibór, na Polônia, então ocupada pelos alemães.

Durante a primeira semana de julho, Anne e sua família esconderam-se em um apartamento, aonde posteriormente outros quatro judeus holandeses vieram a ficar. Por dois anos viveram no sótão de um prédio que ficava atrás do escritório da família, na Rua Prinsengracht, 263, ao qual Anne se referia em seu diário como o “Anexo Secreto”. Johannes Kleiman, Victor Kugler, Jan Gies e Miep Gies, amigos de Otto Frank, haviam preparado o esconderijo e passaram a contrabandear alimentos e roupas para a família escondida, mesmo correndo sérios riscos. Em 4 de agosto de 1944, a Gestapo, Polícia Secreta alemã, descobriu o esconderijo após receber uma denúncia anônima.

No mesmo dia, o oficial da Gestapo sargento Karl Silberbauer e dois colaboradores da polícia holandesa prenderam a família Frank; a Gestapo os enviou para Westerbork no dia 8 de agosto. Um mês depois, em setembro de 1944, as SS e as autoridades policiais colocaram a família, e todos os que com ela estavam no esconderijo, em um trem de carga que ia de Westbrock para Auschwitz, um conjunto de campos de concentração na Polônia ocupada pela Alemanha. Devido à sua juventude e capacidade de serviço, no final de outubro de 1944, Anne e sua irmã Margot foram transferidas para o campo de concentração de Bergen-Belsen, próximo à cidade de Celle, no norte da Alemanha, para trabalharem como escravas

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Ambas morreram de tifo em março de 1945, poucas semanas antes das tropas inglesas liberarem Bergen-Belsen, no dia 15 de abril de 1945. Os pais de Anne também foram selecionados para o trabalho escravo pelas autoridades das SS. A mãe de Anne, Edith, morreu em Auschwitz no início de janeiro de 1945. Somente seu pai, Otto, sobreviveu à guerra. As forças soviéticas liberaram Otto em Auschwitz, no dia 27 de janeiro de 1945.

Durante o tempo em que ficou escondida, Anne manteve um diário no qual registrava seus medos, esperanças e experiências. Miep Gies, uma das pessoas que havia ajudado a família a esconder-se, encontrou o diário depois que Anne foi presa e o guardou para entregar posteriormente, mas Anne nunca retornou, pois havia sido assassinada pela brutalidade nazista contra os judeus. O livro foi publicado em diversas línguas após o fim da guerra, e ainda é usado em milhares de escolas européias e norte-americanas. Anne Frank tornou-se o símbolo da perda do potencial de todas as crianças que morreram no Holocausto.

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As Crianças durante o Holocausto


Logo após a libertação crianças sobreviventes do campo de Auschwitz saem das barracas.  Foto tirada na Polônia, depois de 27 de janeiro de 1945.

Logo após a libertação crianças sobreviventes do campo de Auschwitz saem das barracas. Foto tirada na Polônia, depois de 27 de janeiro de 1945.

— United States Holocaust Memorial Museum

As crianças foram especialmente vulneráveis durante a época do Holocausto. Os nazistas defendiam o assassinato de crianças de grupos “indesejáveis” ou “perigosos”, de acordo com a sua visão ideológica, tanto como parte da “luta racial” quanto como medidas de segurança preventiva. Os alemães e seus colaboradores matavam crianças por estas duas razões e também como retaliação aos ataques, reais ou inventados, dos partisans.

Os alemães e seus colaboradores assassinaram cerca de 1,5 milhões de crianças, sendo um milhão delas judias, e dezenas de milhares de ciganos Romas, além de crianças alemãs com deficiências físicas ou mentais que viviam em instituições, crianças polonesas, e crianças que moravam na parte ocupada da União Soviética. As chances de sobrevivência imediata dos adolescentes, judeus e de não-judeu, entre 13 e 18 anos eram maiores, já que podiam ser enviados para o trabalho escravo.

O destino das crianças, judias e não-judias, pode ser classificado da seguinte maneira: (1) crianças assassinadas assim que chegavam aos campos de extermínio; 2) crianças mortas assim que nasciam ou mortas nas instituições onde viviam; 3) crianças que nasciam nos guetos e campos, mas que sobreviviam porque os prisioneiros as escondiam; 4) crianças, normalmente maiores de 12 anos, que eram usadas como escravas ou em experiências “médicas”; e 5) crianças que morriam devido às represálias nazistas nas chamadas operações anti-partisans.

Nos guetos, as crianças judias morriam de inanição e por exposição aos elementos. As autoridades alemãs eram indiferentes a esses assassinatos em massa, pois consideravam a maioria das crianças dos guetos improdutivas e, portanto, “consumidores inúteis de comida”. Quando as crianças eram muito jovens para serem mandadas para o trabalho forçado, as autoridades alemãs as selecionavam, assim como aos mais velhos, doentes e deficientes, para serem os primeiros judeus a serem deportados para os campos de extermínio, ou então eram levadas até as covas de destruição em massa como as primeiras vítimas a serem metralhadas.

Quando as crianças chegavam em Auschwitz-Birkenau, e em outros campos de extermínio, as autoridades nos campos enviavam a maioria delas diretamente para as câmaras de gás. As forças das SS e da polícia colaboracionista, na Polônia e nas áreas da União Soviética que estavam ocupadas pela Alemanha, friamente atiravam nas milhares de crianças colocadas à beira das enormes sepulturas. Infelizmente, em algumas ocasiões, as primeiras cotas de crianças a serem levadas para os centros-de-extermínio, ou para serem vítimas de operações de fuzilamento, eram o resultado da seleção efetuada pelos presidentes dos Conselhos Judaicos, conhecidos como Judenrat, em decisões controversas e difíceis, pressionadas pelos nazistas. A decisão tomada pelo Judenrat de Lodz para deportar crianças para o campo de extermínio de Chelmno, em setembro de 1942, é um exemplo das escolhas trágicas feitas por adultos que tinham que atender as exigências impostas pelos alemães. Janusz Korczak, diretor de um orfanato no Gueto de Varsóvia, porém, recusou-se a abandonar as crianças sob seu cuidado, e quando elas foram selecionadas para a deportação ele as acompanhou até o campo de extermínio de Treblinka, entrando com elas nas câmaras de gás, onde também foi assassinado.

Crianças não-judias, pertencentes a outros grupos perseguidos, também não foram poupadas, entre elas as crianças ciganas Roma assassinadas no campo de concentração de Auschwitz. Cinco a sete mil crianças alemãs também foram mortas, vítimas do programa de “eutanásia” nazista; e muitas outras foram exterminadas em represália aos partisans, incluindo a maioria das crianças da cidade tcheca de Lídice, e dos povoados da União Soviética ocupada, que eram assassinadas junto com seus pais.

As autoridades alemãs também encarceraram um grande número de crianças em campos de concentração e nos de trânsito. Médicos e pesquisadores “médicos” das SS as utilizavam, principalmente aos gêmeos, para experiências médicas cruéis que resultavam na morte destas crianças. As chefias dos campos obrigavam os adolescentes, principalmente judeus, a trabalho forçado nos campos de concentração, onde muitos morriam. Os nazistas mantinham outras crianças sob condições aterrorizantes nos campos de trânsito, como ocorreu com Anne Frank e sua irmã em Bergen-Belsen, e também com crianças não-judias, órfãs de pais assassinados pelas unidades militares e policiais nas chamadas operações anti-partisans. Alguns destes órfãos eram mantidos temporariamente no campo de concentração de Lublin/Majdanek, bem como em outros campos de detenção.

Em suas tentativas de “salvar a pureza do sangue ariano” os “especialistas raciais” das SS ordenaram que centenas de crianças polonesas e soviéticas, com características “arianas”, fossem raptadas e levadas para o Reich para que fossem adotadas por famílias alemãs racialmente corretas. Embora argumentassem que a base dessas decisões era “científica”, bastava elas terem o cabelo louro, olhos azuis, e pele clara, para merecerem a oportunidade de serem “germanizadas”. Por outro lado, quando as mulheres polonesas e soviéticas que haviam sido deportadas para a Alemanha para trabalho forçado ficavam grávidas de alemães, normalmente através de estupros, elas eram forçadas a abortar ou a dar à luz em condições que garantissem a morte do recém-nascido caso os “especialistas raciais" determinassem que aquela criança não era suficientemente ariana.

Apesar de sua grande vulnerabilidade, muitas crianças conseguiram meios de sobreviver roubando e trocando o produto de suas atividades por comida e medicamentos para levar para dentro dos guetos. Os jovens que participavam dos movimentos juvenis ajudavam em atividades secretas da resistência, e muitas crianças fugiam, sozinhas ou com seus pais e familiares, para acampamentos organizados por partisans judeus.

Entre 1938 e 1940, o Kindertransport, Transporte das Crianças, era o nome informal de um movimento de resgate que levou milhares de crianças judias, sem seus pais, para locais seguros na Grã-Bretanha, longe da Alemanha nazista e dos territórios por ela ocupados. Alguns não-judeus esconderam crianças judias, e algumas vezes, como no caso de Anne Frank, escondiam também outros membros da família. Na França, de 1942 a 1944, quase toda a população protestante da cidade de Le Chambon-sur-Lignon, bem como padres, freiras e católicos laicos deram abrigo a crianças judias, mantendo-as longe dos olhos dos nazistas. Na Itália e na Bélgica muitas crianças conseguiram salvar-se por terem sido escondidas nestes tipos de esconderijo.

Após a rendição da Alemanha nazista e o fim da Segunda Guerra Mundial, os refugiados e pessoas deslocadas pela guerra passaram a procurar seus filhos por toda a Europa. Havia também milhares de órfãos nos campos para refugiados. Um grande número de crianças judias foi levado do leste europeu para áreas a oeste da Alemanha ocupada, em um movimento de êxodo em massa denominado Brihah, com a ajuda da organização Youth Aliyah, Imigração Jovem. Estas crianças foram posteriormente levadas para o Yishuv, nome dado à área dos assentamentos judaicos dentro do Mandato Britânico na Palestina, onde em 14 de maio de 1948 o Estado de Israel proclamou sua independência.

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As Mulheres durante o Holocausto


Anne Frank com 11 anos de idade, dois anos antes de se esconder dos nazistas. Foto tirada em Amsterdã, Holanda, 1940.

Anne Frank com 11 anos de idade, dois anos antes de se esconder dos nazistas. Foto tirada em Amsterdã, Holanda, 1940.

— Anne Frank Stichting

O regime nazista condenou à perseguição e à morte todos os judeus, homens e mulheres, sem distinção. O regime nazista freqüentemente submetia as mulheres, judias e não judias, a brutais perseguições que, na maioria das vezes, estavam estritamente relacionadas ao sexo das vítimas. A ideologia nazista também canalizou seu ódio em mulheres ciganas, soviéticas, polonesas, e portadoras de deficiências que viviam institucionalizadas.

Alguns campos eram destinados apenas a mulheres, e outros tinham dentro das suas instalações áreas especialmente designadas para as prisioneiras. Em maio de 1939, as SS inauguraram Ravensbrück, o maior campo de concentração nazista para aprisionamento de mulheres. Até a libertação deste campo pelas tropas soviéticas, em 1945, estima-se que mais de 100.000 mulheres haviam sido lá encarceradas. Em 1942, as autoridades das SS construíram um complexo no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau (também conhecido como Auschwitz II) destinado a servir como como campo de prisioneiras, e entre as primeiras delas estavam as que as SS haviam transferido de Ravensbrück. Em Bergen-Belsen, no ano de 1944, as autoridades do campo construíram uma extensão feminina e, durante o último ano da Segunda Guerra Mundial, as SS para lá transferiram milhares de prisioneiras judias de Ravensbrück e Auschwitz.

Os alemães e seus colaboradores não poupavam nem as mulheres nem as crianças quando conduziam suas operações de assassinato em massa. A ideologia nazista apregoava o extermínio completo dos judeus, sem levar em consideração idade ou gênero. As SS e os agentes policiais colaboracionistas executaram esta política sob o código "Solução Final" e, em centenas de localidades do território soviético ocupado, homens e mulheres foram massacrados durante as operações de fuzilamento em massa. Durante as deportações, as mulheres grávidas e as mães com crianças de colo eram sistematicamente classificadas como "incapacitadas para o trabalho", sendo prontamente enviadas para os centros-de-extermínio, onde os oficiais geralmente as incluíam nas primeiras fileiras de prisioneiros a serem enviados para as câmaras de gás.

As judias ortodoxas, acompanhadas por crianças, eram especialmente vulneráveis, já que era mais fácil reconhecê-las pelos modestos trajes religiosos que usavam, o que as tornava facilmente identificáveis. Elas também eram as vítimas favoritas de atos de sadismo durante os massacres. O grande número de filhos nas famílias ortodoxas também transformava as mulheres destas famílias em alvos especiais da ideologia nazista.

As mulheres não-judias eram igualmente vulneráveis. Os nazistas cometeram extermínios em massa de mulheres ciganas no campo de concentração de Auschwitz; mataram mulheres portadoras de deficiências físicas e mentais nas chamadas operações de eutanásia T-4 e em outras similares; e também massacraram as que acusavam de serem partisans em muitas aldeias soviéticas entre 1943-1944.

Nos guetos e campos de concentração as autoridades alemãs colocavam as mulheres para trabalhar sob tais condições que não raro elas morriam enquanto executavam suas tarefas. As judias e ciganas eram sadicamente usadas pelos “médicos” e pesquisadores alemães como cobaias em experimentos de esterilização, e outras “pesquisas” cruéis e antiéticas. Nos campos e nos guetos as mulheres eram particularmente vulneráveis a espancamentos e estupros. As judias grávidas tentavam esconder a gravidez para não serem forçadas a abortar. As mulheres deportadas da Polônia e da União Soviética para fazerem trabalhos forçados eram sistematicamente espancadas, estupradas, ou forçadas a manter relações sexuais com alemães em troca de comida e outras necessidades básicas. Muitas vezes, as relações sexuais forçadas entre as trabalhadoras escravas oriundas da Iugoslávia, União Soviética ou Polônia, e homens alemães resultavam em gravidez, e se os "especialistas em raça" determinassem que a criança a nascer não possuía "genes arianos" suficientes, as mães eram forçadas a abortar, ou eram enviadas para darem à luz em maternidades improvisadas, onde as péssimas condições de higiene garantiriam a morte do recém-nascido. Outras eram expulsas para suas regiões de origem sem nenhuma comida, roupa, ou cuidados médicos.

Muitos grupos informais de "assistência mútua" foram criados dentro dos campos de concentração pelas próprias prisioneiras, as quais garantiam sua sobrevivência compartilhando informações, comida e roupas. Em geral, os membros destes grupos vinham da mesma cidade ou província, tinham o mesmo nível educacional, ou possuíam laços de família entre si. Outras sobreviveram porque as autoridades das SS as colocavam para trabalhar no conserto de roupas, na cozinha, lavanderia e na faxina.

As mulheres tiveram papel importante em várias atividades da resistência ao nazismo. Este foi o caso das mulheres que, previamente à guerra, eram membros de movimentos juvenis socialistas, comunistas ou sionistas. Na Polônia, as mulheres serviam como mensageiras que levavam informações para os guetos. Muitas mulheres conseguiram escapar escondendo-se nas florestas no leste da Polônia e da União Soviética, e servindo nas unidades armadas dos partisans>/i>. Na resistência francesa, da qual muitas judias participaram, a atuação das mulheres não foi menos importante. Sophie Scholl, uma estudante alemã da universidade de Munique, e membro do grupo de resistência White Rose, foi presa e executada em fevereiro de 1943 por divulgar propaganda antinazista

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Algumas mulheres lideraram ou integraram organizações de resistência dentro dos guetos. Entre elas estava Haika Grosman, de Bialystok. Outras se engajaram na resistência dentro dos próprios campos de concentração, como em Auschwitz I, onde cinco judias que haviam sido colocadas para trabalhar na separação de munição na fábrica “Vistula-Union-Metal”--Ala Gertner, Regina Safirsztajn (também conhecida como Safir), Ester Wajcblum, Roza Robota, e uma mulher não identificada, possivelmente Fejga Segal—forneceram a pólvora que foi usada para explodir uma câmara de gás e matar vários homens das SS durante um levante de membros do Sonderkommando (Grupo Especial) judeu naquele campo, em de outubro de 1944.

Outras mulheres participaram ativamente das operações de resgate e socorro aos judeus na parte da Europa ocupada pelos alemães. Entre elas estavam as judias Hannah Szenes, pára-quedista, e a ativista sionista, Gisi Fleischmann: Szenes, que vivia na área do Mandato Britânico na Palestina, saltou de pára-quedas na Hungria, em 1944, para ajudar os judeus, mas terminou sendo barbaramente torturada pelos alemães; e Fleischmann era a líder do grupo ativista Pracovna Skupina, Grupo de Trabalho, que operava dentro do Conselho Judaico de Bratislava, e que tentou deter a deportação de judeus da Eslováquia.

Milhões de mulheres foram perseguidas e assassinadas durante o Holocausto. No entanto, para todos os efeitos, foi o enquadramento na hierarquia racista do nazismo ou a postura religiosa ou política dessas mulheres que as tornaram alvos, e não o seu sexo.

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Operações de Asfixia por Gás


Interior de uma câmara de gás no campo de Majdanek.  Foto tirada em Majdanek, Polônia, depois de 24 de julho de 1944.

Interior de uma câmara de gás no campo de Majdanek. Foto tirada em Majdanek, Polônia, depois de 24 de julho de 1944.

— Archiwum Panstwowego Muzeum na Majdanku

No final de 1939, já se preparando para as operações de assassinato em massa, os nazistas iniciaram experimentos com gases venenosos em doentes mentais (“euthanasia”). A eutanásia, eufemismo utilizado pelos nazistas para o morticínio, era simplesmente o processo de eliminação sistemática daqueles alemães que os nazistas consideravam "indignos de viver" devido a alguma deficiência física ou mental. Seis instalações para levar adiante este projeto de mortandade por gás foram criadas como parte do Programa de Eutanásia: Bernburg, Brandenburg, Grafeneck, Hadamar, Hartheim e Sonnenstein. Estes campos de extermínio utilizavam o monóxido de carbono em sua forma pura, produzido quimicamente.

Após a invasão alemã à União Soviética, em junho de 1941, e das atividades de fuzilamento em massa de civis, levadas a cabo pelas unidades móveis de extermínio (Einsatzgruppe), os nazistas começaram a experimentar com asfixia por gás nas chamadas “vans de gás” . Estes veículos eram caminhões hermeticamente fechados com o cano de escapamento voltado para o compartimento interior. O uso do gás foi iniciado após os membros dos Einsatzgruppen reclamarem da fadiga causada pela luta e da angústia mental que sentiam ao atirar em enormes grupos de mulheres e crianças. Some-se a isto o fato de que o gás era um método mais econômico. Os Einsatzgruppen (unidades móveis de extermínio) assassinaram centenas de milhares de pessoas nas operações de asfixia por gás, a maioria deles judeus, ciganos Roma, e deficientes mentais. Em 1941, a liderança das SS chegou à conclusão de que deportar os judeus para os campos de extermínio (para serem envenenados por gás) era o método mais eficaz para alcançar rapidamente a "Solução Final". Naquele mesmo ano, os nazistas criaram o campo de Chelmno, na Polônia, e lá judeus e ciganos da sub-etnia Roma, que viviam na área de Lodz, na Polônia, lá foram mortos em “vans de gás”.

Em 1942, o extermínio sistemático em massa nas câmaras fixas de gás (com monóxido de carbono gerado por motores a diesel) foi iniciado em Belzec, Sobibor e Treblinka, todos campos localizados na Polônia. Era dito às vítimas, enquanto eram "descarregadas" dos vagões de gado em que tinham sido transportadas até os campos, que elas seriam desinfetadas nos "chuveiros". Muitas vítimas eram espancadas pelos guardas nazistas e seus colaboradores ucranianos, que também gritavam impropérios ofensivos, e eram obrigadas a entrar nos "chuveiros" com os braços levantados, para que coubessem mais pessoas nas câmaras de gás. Quanto mais pessoas dentro das câmaras de gás, mais rapidamente elas morriam.

Os nazistas estavam constantemente a buscar métodos mais eficientes de extermínio. Em setembro de 1941, no campo de Auschwitz, na Polônia, eles realizaram experiências com o gás Zyklon B (utilizado para fumigação), envenenando cerca de 600 prisioneiros de guerra soviéticos e 250 prisioneiros enfermos. O Zyklon B, em forma de comprimido, se transformava em gás letal quando entrava em contato com o ar. Por ter ação rápida, foi escolhido para ser o instrumento de extermínio em massa em Auschwitz, e lá, no auge das deportações, até 6.000 judeus eram mortos diariamente por este gás.

Mesmo não sendo campos de extermínio, os campos de concentração de Stutthof, Mauthausen, Sachsenhausen e Ravensbrueck, também possuíam câmaras de gás. Elas eram relativamente pequenas, construídas para eliminar aqueles prisioneiros que os nazistas consideravam "inaptos" para o trabalho. A maioria destes campos utilizava o Zyklon B como o agente exterminador das câmaras de gás.

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O Mosaico das Vítimas: Visão Geral

Coluna de prisioneiros de guerra soviéticos na frente de batalha ucraniana. Foto tirada em Kharkov, Ucrânia, União Soviética, 4 de julho de 1943.

Coluna de prisioneiros de guerra soviéticos na frente de batalha ucraniana. Foto tirada em Kharkov, Ucrânia, União Soviética, 4 de julho de 1943.

— La Documentation Francaise

Embora os judeus fossem seus alvos principais, os nazistas e seus colaboradores também perseguiram outros grupos por razões raciais ou ideológicas. Dentre as primeiras vítimas da discriminação nazista na Alemanha encontravam-se os oponentes políticos daquela ideologia, principalmente os comunistas, os socialistas, os social-democratas e líderes sindicais. Em 1933, em Dachau, as SS construiram o primeiro campo de concentração, destinado a encarcerar milhares de prisioneiros políticos alemães. Os nazistas também perseguiram autores e artistas cujas obras eram consideradas subversivas ou que fossem judeus, sujeitando-os à prisão, a restrições econômicas, e a diversas outras formas de discriminação.

Os nazistas também perseguiram os ciganos por razões raciais. As interpretações legais das Leis de Nuremberg de 1935 (leis alemãs que definiam quem era judeu “pelo sangue”, de acordo com teorias racistas) foram posteriormente adaptadas para incluir os ciganos. Os nazistas classificavam os ciganos como "preguiçosos" e "anti-sociais" dentro do sistema nazista, além de improdutivos e socialmente incapazes. Os ciganos deportados para o gueto de Lodz estavam entre os primeiros a serem mortos em furgões de gás no campo de extermínio de Chelmno na Polônia. Os nazistas também deportaram mais de 20.000 ciganos para o campo de Auschwitz-Birkenau, onde a maioria deles foi assassinada nas câmaras de gás.

Os nazistas enxergavam os poloneses e outros povos eslavos como inferiores e os condenavam à submissão, ao trabalho forçado e, conseqüentemente, à aniquilação. Os poloneses que eram considerados ideologicamente perigosos, como milhares de intelectuais e padres católicos, transformaram-se em alvos a serem destruídos, através de uma operação conhecida como AB-Aktion. Entre 1939 e 1945 pelo menos 1,5 milhão de cidadãos poloneses foram deportados para o território alemão para trabalharem como escravos; e centenas de milhares também foram presos em campos de concentração nazistas. Estima-se que os alemães assassinaram, no mínimo, 1.900.000 civis poloneses não-judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

O exército alemão que ocupou a União Soviética recebeu uma Ordem do Comissário, do Alto Comando das Forças Armadas alemãs, ordenando que determinados líderes políticos do Exército Vermelho fossem assassinados. Durante o outono e o inverno de 1941 e 1942 as autoridades militares alemães e a Polícia de Segurança alemã colaboraram na implementação de uma política de assassinatos em massa de prisioneiros de guerra soviéticos, tanto judeus como pessoas com "traços asiáticos", e os principais líderes políticos e militares foram separados e mortos a tiros. Cerca de outros três milhões foram mantidos em campos provisórios, premeditadamente ali colocados para morrer sem abrigo, alimentação ou medicação.

Os nazistas prenderam os líderes das igrejas cristãs que se opunham a eles,e, também milhares de Testemunhas de Jeová que se recusavam a saudar Adolf Hitler ou a servir no exército alemão. Durante o chamado "Programa de Eutanásia", estima-se que os nazistas assassinaram 200.000 pessoas com deficiências físicas ou mentais. Os nazistas também perseguiram os homossexuais, cujo comportamento era considerado "um obstáculo para a preservação da nação germânica", prendendo em campos de concentração aqueles que classificavam como homossexuais "crônicos", bem como milhares de outros indivíduos acusados de comportamentos criminosos ou "anti-social".

A ideologia nazista via uma grande quantidade de inimigos, o que conduzia à perseguição organizada e assassinato de milhões de pessoas, judias ou não.

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A "Solução Final": Uma Visão Geral


Judeus do gueto de Lodz colocados em trens de carga para serem deportados para o campo de extermínio de Chelmno. Foto tirada em Lodz, Polônia, entre 1942 e 1944.

Judeus do gueto de Lodz colocados em trens de carga para serem deportados para o campo de extermínio de Chelmno. Foto tirada em Lodz, Polônia, entre 1942 e 1944.

— National Museum of American Jewish History, Philadelphia

Os nazistas freqüentemente usavam eufemismos para disfarçar a natureza real dos seus crimes. O termo "Solução Final" foi empregado para se referir ao plano de aniquilação total do povo judeu, e não se sabe ao certo quando os líderes da Alemanha nazista decidiram implementa-la. O genocídio, ou extermínio em massa dos judeus, foi o ápice de uma década de graves medidas discriminatórias contra eles, e que cresciam em severidade a cada ano.

Sob a liderança de Adolf Hitler, a perseguição e a segregação dos judeus foram implementadas por etapas. Depois que o Partido Nazista alcançou o poder na Alemanha, em 1933, o racismo por ele apoiado permitiu a criação de leis anti-semitas, gerou boicotes econômicos e grandes ondas de violência contra os judeus, tais como o pogrom conhecido como a Kristallnacht, Noite dos Cristais, que tinham por objetivo isolar sistematicamente os israelitas da sociedade alemã e forçá-los a deixar o país.

Após setembro de 1939, quando a Alemanha invadiu a Polônia, ocasionando assim o início da Segunda Guerra Mundial, as políticas anti-semitas evoluíram para o encarceramento e até assassinato dos judeus europeus. Inicialmente, os nazistas instituíram os guetos, que eram áreas fechadas, destinadas a isolar e controlar os judeus, nas regiões que os alemães denominavam Generalgouvernement, o território conquistado à Polônia no centro e ao leste daquele país, que era administrado por um governo civil alemão, e também em Warthegau, a maior subdivisão da área incorporada à Alemanha, no oeste polonês. Judeus poloneses e de países na parte ocidental da Europa foram deportados para os guetos, onde viviam em condições higiênicas precárias, superlotação, e alimentação inadequada.

Após junho de 1941, quando a Alemanha invadiu a União Soviética, as SS (organização paramilitar ligada ao Partido Nazista alemão) e grupos da polícia que agiam como unidades móveis de extermínio iniciaram operações de assassinato de comunidades judaicas inteiras naquela área, matando indiscriminadamente todos os seus membros. No outono de 1941, elas introduziram as câmaras de gás móveis, nas quais o cano de escapamento dos caminhões utilizados havia sido reajustado para liberar um gás letal, o monóxido de carbono, dentro dos compartimentos totalmente vedados na carroceria, matando a quem ali estivesse, em complementação às operações de fuzilamento já em curso.

No dia 17 de julho de 1941, quatro semanas após a invasão da União Soviética, Hitler delegou ao Comandante das SS, Heinrich Himmler, a responsabilidade para cuidar dos assuntos de segurança na URSS ocupada. Hitler conferiu a Himmler autoridade para eliminar fisicamente quaisquer ameaças ao domínio alemão. Duas semanas depois, em 31 de julho de 1941, o líder nazista Hermann Goering autorizou ao General das SS, Reinhard Heydrich, o início das preparações necessárias para a implementação da "solução final para a questão judaica".

No outono de 1941 Himmler, comandante das SS, designou o general alemão Odilo Globocnik (das SS e chefe da polícia do Distrito de Lublin) para implementar o plano de eliminação dos que viviam sob o Generalgouvernement. O nome escolhido para aquele plano foi "Operação Reinhard", em homenagem ao acima mencionado Reinhard Heydrich, que havia sido assassinado por partisans tchecos em maio de 1942. Três campos de extermínio--Belzec, Sobibor e Treblinka--foram criados na Polônia com o objetivo único de facilitar o extermínio em massa.

De tempos em tempos, o campo Majdanek também servia como local de extermínio de judeus residentes na área do Generalgouvernement. Nele existiam câmaras de gás que as SS usaram para assassinar dezenas de milhares de israelitas que haviam sido trabalhadores escravos, mas que agora estavam fracos demais para exercer qualquer tipo de atividade. No centro de extermínio de Chelmno, a cerca de 50 quilômetros a noroeste da cidade de Lodz, as SS em conjunto com a polícia mataram, pelo menos, 152.000 pessoas, sendo a maioria delas israelitas, além de milhares de ciganos do grupo romas. Na primavera de 1942, Himmler determinou que Auschwitz II (Auschwitz-Birkenau) tornar-se-ia uma "fábrica" de extermínio em grande escala, e lá cerca de um milhão de judeus, de diversos países da Europa, foram assassinados.

O objetivo da "Solução Final" era exclusivamente o de exterminar todos os judeus europeus. Assim, nos campos de extermínio, as SS e a polícia alemã assassinaram cerca de 2.700.000 judeus utilizando mecanismos de asfixia por gás venenoso ou por fuzilamento, e 3.300.000 outros israelitas morreram devido às atrocidades cometidas contra eles pelos alemães e seus colaboradores, por fome, maus-tratos, espancamento, frio, doenças, experiências “médicas”, e outras formas de crueldade inimagináveis. No total, seis milhões de judeus--homens, mulheres e crianças--foram mortos pelos nazistas durante o Holocausto, aproximadamente 2/3 dos judeus que viviam na Europa antes da Segunda Guerra Mundial.

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http://www.ushmm.org/

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